A ordem do olhar: aspectos da montagem cinematográfica em “Vidas secas”
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202585.129-141Palavras-chave:
Literatura, Cinema, Intermidialidade, Montagem, Vidas secasResumo
O objetivo deste estudo é analisar o romance Vidas secas de Graciliano Ramos, observando como são construídas no romance referências intermidiáticas entre literatura e cinema a partir do uso de uma técnica narrativa que evoca aspectos da montagem cinematográfica. Essa estratégia de composição está atrelada ao processo de representação do outro (a família de Fabiano e sinha Vitória) levado a cabo no romance, marcado pela articulação de um jogo discursivo que se caracteriza pela combinação dos discursos indireto, direto e indireto livre em um entrecho erigido através da voz de um narrador em terceira pessoa. O efeito obtido com essa estratégia é o aparecimento de um narrador que se aproxima o suficiente das personagens para apresentá-las ao leitor sem, no entanto, falar diretamente por elas ou ocupar o seu lugar no mundo ficional. Assim, o leitor consegue aproximar-se dos protagonistas do livro e, em um exercício de alteridade, ver o mundo que as rodeia a partir do seu ponto de vista. Neste contexto, a montagem em Vidas secas surge como estratégia de composição necessária para que as vozes do narrador e das personagens possam ser alternadas ao longo da tessitura sem que esse tecido narrativo se rompa.
Downloads
Referências
ABDALA JUNIOR, Benjamin. Aberturas simbólicas e artísticas num “mundo coberto de penas”. In: ABDALA JUNIOR, Benjamin (Org.). Graciliano Ramos: muros sociais e aberturas artísticas. Rio de Janeiro: Record, 2017, p. 7-60.
AUMONT, Jacques et al. A estética do filme. Tradução Marina Appenzeller. 9ª ed. Campinas: Papirus, 2020.
AVELLAR, José Carlos. O chão da palavra: cinema e literatura no Brasil. Rio de Janeiro, Rocco, 2007.
BRAGA, Rubem. Vidas secas. Teresa, [S. l.], n. 2, p. 126-129, 2001. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/teresa/article/view/116581. Acesso em: 23 ago. 2022.
BUENO, Luís. Uma história do romance de 1930. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, Campinas: Editora da Unicamp, 2015.
CANDIDO, Antonio. Ficção e confissão. 4. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2012.
COSTA, Julia Morena da Silva. Estética do fracasso: o projeto literário de Bolaño. Orientadora: Rachel Esteves Lima. 2015. 233 p. Tese (Doutorado em Literatura e Cultura). Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, Brasil. Disponível em: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/21261. Acesso em 20 mar. 2022.
ELLESTRÖM, Lars. As modalidades das mídias: um modelo para a compreensão das relações intermidiáticas. Tradução Glória Maria Guiné de Mello. In: ELLESTRÖM, Lars. Midialidade: ensaios sobre comunicação, semiótica e Intermidialidade. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2017. p. 49-100.
EISENSTEIN, Sergei. A forma do filme. Tradução Teresa Ottoni. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.
LINS, Álvaro. Valores e misérias das vidas secas. In: RODRIGUES, Marcos Antonio. Álvaro Lins: leitor de Graciliano Ramos. Orientador: Rubens Pereira dos Santos. 2015. 166 p. Dissertação (Mestrado em Letras). Faculdade de Ciências e Letras de Assis. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. p. 138-166. Disponível em: http://hdl.handle.net/11449/124459. Acesso em 13 ago. 2022.
MALARD, Letícia. Ensaio de literatura brasileira – ideologia e liberdade em Graciliano Ramos. Belo Horizonte: Itatiaia, 1976.
OUBIÑA, David. El silencio y sus bordes: modos de lo extremo em la literatura y el cine. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2011.
PEREIRA, Lúcia Miguel. Vidas secas, In: Boletim de Ariel, Rio de Janeiro, n. 08, p. 221 maio 1938 Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=072702&pagfis=1963 Acesso em 22 jun. 2020.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 133. ed. Rio de Janeiro: Record, 2017.
RODRIGUES, Ana Paula Dias. Aspectos da linguagem e do espetáculo cinematográficos na narrativa literária brasileira do século XX. Orientador: Sérgio Vicente Motta. 2014. 213 f. Tese (Doutorado em Letras) – Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, 2014. Disponível em: http://hdl.handle.net/11449/127574. Acesso em 02 jun. 2022.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Declaro que concedo livre e voluntariamente os direitos autorais do artigo que submeti à Revista Leitura, destacandom, ainda, que não pretendo receber pagamento algum pela publicação.








