"A soja esmaga": reverberações do plantationoceno no conto "Má sorte", de Paulliny Tort

Resumo

Devido às urgências de nosso tempo, novas categorias teóricas surgem para dar conta de um mundo em colapso. Crutzen e Stoermer (2000) chamam isso de antropoceno: a ação humana torna-se uma força geológica. Contudo, surgem propostas alternativas, como o plantationoceno pensado por Donna Haraway e Anna Tsing (2016): a colonialidade como meio estruturante de um sistema que conduz ao colapso da natureza. O objetivo deste artigo é mobilizar essas discussões teóricas como operadores de leitura para analisar o conto “Má sorte”, da escritora brasileira Paulliny Tort (2021). No conto, categorias como espaço, personagem e enredo reverberam uma realidade atravessada pelas estruturas do plantationoceno: a exploração do humano e do não humano em um modo colonial de habitar a Terra (Ferdinand, 2022). Para tanto, em um primeiro momento discuto o conceito de plantationoceno a partir de Haraway e Tsing (2016) e Ferdinand (2022) para, em seguida, analisar o conto.