Memória, impunidade e democracia: o olhar crítico nas charges de Nani e Montanaro e seus desdobramentos políticos
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202585.67-82Palavras-chave:
Análise do Discurso, anistia, Resistência, memória, autoritarismoResumo
O estudo investiga as materialidades discursivas em charges que abordam o tema da anistia no Brasil, com foco em duas obras: uma de Nani, de 1978, e outra de Montanaro, de 2024. O objetivo é analisar como essas charges operam no contexto de regimes autoritários e suas críticas à anistia, revelando o papel da arte como resistência, memória e contestação. A pesquisa utiliza a Análise do Discurso (AD) de Michel Pêcheux para entender como os discursos articulam relações sociais e ideológicas, considerando o contexto histórico e político. Enquanto a charge de Nani critica a anistia parcial de 1979, destacando a impunidade dos torturadores e reforçando a necessidade de justiça plena, a obra de Montanaro ironiza a tentativa de anistiar os responsáveis pelos ataques antidemocráticos de 2023, atualizando o debate sobre a reconciliação sem responsabilizações. A análise das obras revela como ambas enfrentam o apagamento histórico e as narrativas de pacificação que minimizam as injustiças do passado, ao se apropriar de símbolos e discursos poderosos para questionar a legitimação do autoritarismo, evidenciando o papel das artes na preservação de uma memória crítica e democrática.
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