Proteger os índios e descolonizar a pesquisa: Darcy Ribeiro como antropólogo

Autores

  • João Pacheco de Oliveira PPGAS/MN/UFRJ

DOI:

https://doi.org/10.28998/rm.2020.n.8.10084

Palavras-chave:

Antropologia brasileira, Ética e antropologia, Política Indigenista

Resumo

Este artigo percorre de forma bastante sintética a produção antropológica de Darcy Ribeiro (1922-1997), contextualizando em termos históricos e intelectuais esta importante dimensão de seus trabalhos. Outros aspectos (literários e pedagógicos) de sua obra não foram considerados nesta análise. São apresentadas e discutidas algumas de suas principais ideias e orientações analíticas quanto à antropologia e ao indigenismo. Nas partes finais é realizada uma abordagem crítica que aponta os limites e contradições das interpretações que ele propõe. Paralelamente destaca a sua preocupação em definir para a antropologia brasileira um padrão acadêmico e profissional próprio, que permitisse conjugar o exercício da ciência com uma atitude ética e posicionada, aspectos que continuam a ser inspiradores para a antropologia e o indigenismo atual.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AIRES, Max Maranhão P. (Org). Escolas indígenas e políticas interculturais no Nordeste brasileiro. Fortaleza: EDUECE, 2009.

BUARQUE DE HOLANDA, Sérgio. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1936.

CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. O papel dos Postos Indígenas no processo de assimilação. In: ______. A Sociologia do Brasil Indígena. Brasília: UNB, 1972.

DOSTAL, Walter (Org.). The situation of the indian in South American: contributions to the study of inter-ethnic conflict in the non-Andean regions of South America. Geneva: World Council of Churches, 1972.

FREYRE, Gilberto. Casa-grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime de economia patriarcal. Rio de Janeiro: José Olympio, 1933.

GRUNBERG, Georg (Org.). Articulación de la diversidad: tercera reunión de Barbados. Quito: Abya-Yala, 1995.

NASCIMENTO, Rita Gomes do. Rituais de resistência: experiências pedagógicas Tapebas. 2009. 208 f. Tese (Doutorado em Educação) – Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Natal.

PACHECO DE OLIVEIRA, João (Org.). A viagem da volta: etnicidade, política e reelaboração cultural no Nordeste indígena. 2ª ed. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2004.

______. Galvão e os estudos de aculturação no Brasil. In: FAUHABER, P.; TOLEDO, P. M. (Orgs.). Conhecimento e fronteira: história da ciência na Amazônia. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 2001.

______ (Org.). Indigenismo e territorialização: poderes, rotinas e saberes coloniais no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Contra Capa, 1998.

______. O nascimento do Brasil: revisão de um paradigma historiográfico. In: ______. O nascimento do Brasil e outros ensaios: “pacificação”, regime tutelar e formação de alteridades. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2016a.

______. Regime tutelar e globalização: um exercício de sociogênese dos atuais movimentos indígenas no Brasil. In: ______. O nascimento do Brasil e outros ensaios: “pacificação”, regime tutelar e formação de alteridades. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2016b.

______. Sem a tutela, uma nova moldura de nação. In: ______. O nascimento do Brasil e outros ensaios: “pacificação”, regime tutelar e formação de alteridades. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2016c.

______. Tradiciones etnográficas y formas de construcción de la otredad. Interdisciplina 4(9): 93-112, 2016d.

______. Uma etnologia dos “índios misturados”? Situação colonial, territorialização e fluxos culturais. In: ______. O nascimento do Brasil e outros ensaios: “pacificação”, regime tutelar e formação de alteridades. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2016e.

PACHECO DE OLIVEIRA, João; ROCHA FREIRE, Carlos Augusto da. A presença indígena na formação do Brasil. Brasília: Ministério da Educação/LACED/Museu Nacional, 2007.

PIRES MENEZES, Maria Lúcia. Parque Indígena do Xingu: a construção de um território estatal. Campinas/São Paulo: UNICAMP/Imprensa Oficial do estado de São Paulo, 2000.

RIBEIRO, Darcy. As Américas e a civilização. Estudos de antropologia da civilização. Rio de Janeiro: Vozes, 1977a.

______. Antropologia ou a teoria do bombardeio de Berlim (entrevista). In: Encontros com a Civilização Brasileira (nº 12). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979a.

______. A política indigenista brasileira. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura, 1962.

______. Diários índios: os Urubu-Kaapor. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

______. Ensaios Insólitos. Porto Alegre: L&PM, 1979b.

______. Gentidades. Porto Alegre: L&PM, 1997.

______. Os índios e a civilização: a integração das populações indígenas no Brasil moderno. Petrópolis: Vozes, 1977b.

______. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

______. O processo civilizatório: etapas da evolução sócio-cultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

______. Religião e mitologia Kadiwéu. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura/ Conselho Nacional de Proteção aos Índios, 1950.

______ (Org.). Summa etnológica brasileira. Petrópolis: Vozes, 1986.

______. Teoria do Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1972.

RIBEIRO, Darcy; RIBEIRO, Berta Gleiser. Arte plumária dos índios Kaapor. Rio de Janeiro: Museu do Índio, 1957.

SANTOS, Gersem Luciano dos. O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: SECAD/MEC, 2007.

SOUZA LIMA, Antonio Carlos de. Um grande cerco de paz: poder tutelar, indianidade e formação do Estado no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1995.

STEWARD, Julian (Org.). Handbook of south american indians. Washington: Smithsonian Institute, 1946.

ZARUR, George Cerqueira Leite. Envolvimento de antropólogos e desenvolvimento da antropologia no Brasil. In: Boletim do Museu do Índio (nº 4). Rio de Janeiro: FNI, 1976.

Downloads

Publicado

2020-10-21

Edição

Seção

Processos identitários, territórios e tradições de conhecimento