A descolonização do Autismo a partir do protagonismo Autista
DOI:
https://doi.org/10.28998/rm.2023.13.14020Palavras-chave:
Autismo, Decolonização, Capacitismo, Neurodivergência, ProtagonismoResumo
Este artigo tem como objetivo discutir a importância da decolonização do autismo e do protagonismo autista. A metodologia utilizada foi uma revisão bibliográfica de estudos sobre o tema. Os resultados apontam que a colonização do autismo ocorre através de técnicas psicológicas e capacitismo que promovem sua normatividade e neurotipicidade. A decolonização do autismo é importante para valorizar a identidade e neurodiversidade das pessoas autistas, contrapondo os diagnósticos e classificações acerca do autismo. O protagonismo autista é uma solução proposta para a decolonização, assim como a luta anti-capacitista e anti-colonial, considerando a interseccionalidade de raça, classe e gênero e o movimento político da neurodiversidade. Conclui-se que é necessário valorizar as diferenças individuais das pessoas autistas para promover sua inclusão social.
Downloads
Referências
ADRIANO, Luana; LUGON, Ricardo; AYDOS, Valéria. Autismo, deficiência e neurodiversidade: provocações para pensar um conceito disputado e seus efeitos em pesquisas no/a partir do sul global. 45º Encontro Anual da Anpocs, São Paulo, p. 1–15,, 2021. Disponível em: https://www.anpocs2021.sinteseeventos.com.br/trabalho/view?ID_TRABALHO=3654. Acesso em: 03 jun. 2023.
ALMEIDA, Maíra L.; NEVES, Anamaria S. A Popularização Diagnóstica do Autismo: uma Falsa Epidemia?. Brasília: Psicologia: Ciência e Profissão, v. 40, e180896, p. 1–12, 2020.
ASHINOFF, Brandon K.; ABU-AKEL, Ahmad. Hyperfocus: the forgotten frontier of attention. Psychological Research, v. 85, n. 1, p. 1–19, 2021.
AYDOS, Valéria. A (des)construção social do diagnóstico de autismo no contexto das políticas de cotas para pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Anuário Antropológico, v. 44, n.1, p. 93–116, 2019.
BARCELOS, Kaio da S., et al. Contribuições da análise do comportamento aplicada para indivíduos com transtorno do espectro do autismo: uma revisão. Curitiba: Braz. J. of Develop., v. 6, n. 6, p. 37276–37291, 2020.
BARON-COHEN, Simon. Leo Kanner, Hans Asperger, and the discovery of autism. London: The Lancet, v. 386, n. 10001, p. 1329–1330, 2015.
BARON-COHEN, Simon, et al. Did Hans Asperger actively assist the Nazi euthanasia program? Molecular Autism, v. 9, n. 1, p. 28, s13229- 018- 0209–5, 2018. Disponível em: https://molecularautism.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13229-018-0209-5. Acesso em: 2 ago. 2022.
BARROS NETO, Sebastião Gonçalves de Barros; BRUNONI, Decio; CYSNEIROS, Roberta Monterazzo. Abordagem psicofarmacológica no transtorno do espectro autista: uma revisão narrativa. Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, v. 19, n. 2, p. 38–60, 2019.
BING, Nicole, et al. Applied Behavior Analysis: A Parent’s Guide. United States: Autism Speaks Autism Treatment Network, 2012.
BLOCK, Pamela, et al. Occupying Disability: An Introduction. In: BLOCK, Pamela, et al. (Eds.), Occupying Disability: Critical Approaches to Community, Justice, and Decolonizing Disability. New York/London: Springer Dordrecht Heidelberg, 2016. p. 03–14.
BRASIL. Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Diário Oficial da União, Brasília, Distrito Federal, 2012.
CÉSAIRE, Aimé. Discursos sobre o colonialismo. Lisboa: Livraria Sa da Costa Editora, 1978.
CORDEN, Kirsten; BREWER, Rebecca; CAGE, Eilidh. Personal Identity After an Autism Diagnosis: Relationships With Self-Esteem, Mental Wellbeing, and Diagnostic Timing. Sec. Developmental Psychology, v. 12, p. 1-12, 2021.
DAVIS, Angela. A liberdade é uma luta constante. São Paulo: Boitempo, 2018.
EVANS, Bonnie. How autism became autism. United Kingdon: History of the Human Sciences, v. 26, n. 3, p. 3–31, 2013.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 50. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
GERNSBACHER, Morton A. Editorial Perspective: The use of person-first language in scholarly writing may accentuate stigma. London: Journal of Child Psychology and Psychiatry, v. 58, n. 7, p. 859–861, 2017.
GIBSON, Margaret F.; DOUGLAS, Patty. Disturbing Behaviors: Ole Ivar Lovaas and the Queer History of Autism Science. California: Catalyst: Feminism, Theory, Technoscience, v. 4, n. 2, p. 1–28, 2018.
HERMAN, Ellen. Autism in the DSM. Oregon: The Autism History Project, 2019. Disponível em: https://blogs.uoregon.edu/autismhistoryproject/topics/autism-inthedsm/#:~:text=In%20the%20first%20edition%20of,it%20was%20only%20because%20of. Acesso em: 2 ago. 2022.
HITA, Maria G.; DUCCINI, Luciana. Exclusão social, desafiliação e inclusão social no estudo de redes sociais de familias pobres soteropolitanas. Bogotá: CLACSO, 2008.
HOLMANS, Lyric. Why the World Needs Neurodiversity. Texas: Neurodivergent Rebel, 2017. Disponível em: https://neurodivergentrebel.com/2017/06/24/the-world-needs-neurodiversity/. Acesso em: 2 ago. 2022.
hooks, bell. Talking Back: Thinking Feminist, Thinking Black. Boston: South End Press, 1989.
IPEMED. CID 11: veja o que mudou na classificação de doenças. Brasil, IPEMED, 2022. Disponível em: https://www.ipemed.com.br/blog/cid-11-veja-o-que-mudou-na-classificacao-de-doencas#:~:text=A%20CID%2011%20reuniu%20todos,Transtorno%20do%20Espectro%20do%20Autismo. Acesso em: 1 ago. 2022.
KOVACHEVA, Siyka. Social Inclusion. Council of Europe Europeanan Union: EU-CoE youth partnership policy sheet, 2023. Disponível em: https://pjp-eu.coe.int/en/web/youth-partnership/social-inclusion. Acesso em: 3 mai. 2023.
KRESS, Margaret M. Reclaiming Disability through Pimatisiwin: Indigenous Ethics, Spatial Justice, and Gentle Teaching. International Perspectives on Inclusive Education, v. 9, p. 23–57, 2017.
KUPPERS, Petra. Landings: Decolonizing Disability, Indigeneity and Poetic Methods. In: BLOCK, Pamela, et al. (Eds.). Occupying Disability: Critical Approaches to Community, Justice, and Decolonizing Disability. New York/London: Springer Dordrecht Heidelberg, 2016. p. 63–82.
LANDER, Edgardo. Ciências sociais: saberes coloniais e eurocêntricos. In: LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais — perspectivas latino-americanas. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Clacso, 2005. p. 107–130.
LENER, Marc S.; Villines, Zawn. What does neurotypical, neurodivergent, and neurodiverse mean? Medical News Today, 2022. Disponível em: https://www.medicalnewstoday.com/articles/what-does-neurotypical-mean. Acesso em: 3 mai. 2023.
LUGONES, María. Rumo a um feminismo descolonial. Estudos Feministas, v. 22, n. 3, p. 935–952, 2014.
MAS, Natalia Andrade. Transtorno do Espectro Autista: história da construção de um diagnóstico. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2018.
MIGNOLO, Walter. El pensamiento decolonial: despredimient o y apertura. In: CASTRO-GÓMES, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón. El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre editores; Universidade Central; Instituto de Estudios Socialies Contemporáneos y Pontificia Universidad Javeriana; Instituto Pensar, 2007. p. 25–47.
NATIONAL AUTISTIC SOCIETY. Stimming - a guide for all audiences. National Autistic Society, 2020. Disponível em: https://www.autism.org.uk/advice-and-guidance/topics/behaviour/stimming/all-audiences. Acesso em: 1 mai. 2023.
NEUMEIER, Shain M.; BROWN, Lydia X. Z. Torture in the Name of Treatment: The Mission to Stop the Shocks in the Age of Deinstitutionalization. In: KAPP, Steven K. (Editor). Autistic Community and the Neurodiversity Movement: Stories from the Frontline. London: Palgrave Macmillan, 2020. p. 195–210.
NIKOLOV, Roumen; JONKER, Jacob; SCAHILL, Lawrence. Autismo: tratamentos psicofarmacológicos e áreas de interesse para desenvolvimentos futuros. São Paulo: Rev Bras Psiquiatria, v.28, p. 39–46, 2006.
O’DELL, Lindsay.; BROWNLOW, Charlotte. Normative Development and the Autistic Child. In: LESTER, Jessica Nina; O’REILLY, Michelle (Ed.). The Palgrave Handbook of Child Mental Health. London: Palgrave Macmillan, 2015. p. 296–309.
PARKER, Sydney. Autism: does ABA therapy open society's doors to children, or impose conformity?. London: The Guardian, 2015. Disponível em: https://www.theguardian.com/society/2015/mar/20/autism-does-aba-therapy-open-societys-doors-to-children-or-impose-conformity. Acesso em: 3 ago. 2022.
QUIJANO, Anibal. Colonialidade de Poder, eurocentrismo e América Latina, 2005. In: LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais – perspectivas latinoamericanas. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Clacso, 2005. p. 107–130.
ROSA, Sandra de Oliveira; ALBRECHT, Ana Rosa Massolin. Estudo sobre a análise do comportamento aplicada (ABA) e sua contribuição para a inclusão de crianças com transtorno do espectro autista (TEA) graus II, III no ensino fundamental I. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Educação Especial) — UNINTER, 2021.
ROSENBERG, Charles E. The tyranny of diagnosis: Specific entities and individual experience. The Milbank Quarterly, v. 80, n. 2, p. 237–260, 2002.
SANDOVAL-NORTON, Aileen H.; SHKEDY, Gary; SHKEDY, Dalia. Long-term ABA Therapy Is Abusive: A Response to Gorycki, Ruppel, and Zane. Advances in Neurodevelopmental Disorders, v. 5, p. 126–134, 2021.
SANTANA, Paula. Práxis Antirracista, Descolonização das Mentes e a Questão Indígena em uma Instituição Federal de Ensino Superior do Sertão Pernambucano. Revista Anthropológicas, v. 28, n. 2, p. 112–140, 2017.
SILBERMAN, Steve. Neurotribes: the legacy of autism and the future of neurodiversity. New York: Penguin Random House LLC, 2015.
SILVA, Nádia Maria Cardoso da. Descolonização epistêmica na perspectiva negro-brasileira. 2018. Tese (Doutorado em Cultura e Sociedade) — Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2018.
SPENCER, Donna, et al. Psychotropic Medication Use and Polypharmacy in Children With Autism Spectrum Disorders. Pediatrics, v. 132, n. 5, p. 833–840, 2013.
SUESS, Rodrigo Capelle; SILVA, Alcinéia de Souza. A perspectiva descolonial e a (re)leitura dos conceitos geográficos no ensino de geografia. Geografia Ensino & Pesquisa, v. 23, n. 7, p. 1–36, 2019.
TUCHLINSKI, Camila. O que é Autismo nível 1? Conheça sinais e saiba qual a importância de buscar ajuda. São Paulo: Estadão, 2022. Disponível em: https://emais.estadao.com.br/noticias/comportamento,o-que-e-autismo-nivel-1-conheca-sinais-e-saiba-qual-a-importancia-de-buscar-ajuda,70004035153. Acesso em: 3 ago. 2022.
WALKER, Nick. Neurodiversity: some basic terms & definitions. Neuroqueer, 2014a. Disponível em: https://neuroqueer.com/neurodiversity-terms-and-definitions/. Acesso em: 3 ago. 2022.
WALKER, Nick. Neurotypical psychotherapists & autistic clients. Neuroqueer, 2014b. Disponível em: https://neuroqueer.com/neurotypical-psychotherapists-and-autistic-clients/. Acesso em: 3 ago. 2022.