Militares e estratégias não-convencionais de política no Brasil: configurando parâmetros para uma tomada de poder de Estado

Autores

  • Piero Leirner Universidade Federal de São Carlos

DOI:

https://doi.org/10.28998/rm.2024.n.16.17795

Palavras-chave:

Militares, Política, Guerra Híbrida, Eleições, Bolsonaro

Resumo

Este artigo pretende analisar os modos que militares produziram a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência em 2018, observando o fato de que a opção por o lançar a este cargo foi inaugurada em 2014 dentro de um estabelecimento militar. Considerando que Bolsonaro (e seu então Vice-Presidente) eram militares, minha intenção é recuperar o vínculo entre esta ação política e uma ação militar propriamente dita, operando na lógica da guerra. Para tanto, lanço mão de uma categoria nativa que começa a circular entre militares brasileiros justamente no em 2014, a de “guerra híbrida”. Um rápido sobrevoo ao modo como ela foi concebida desde seus primeiros usos, em meados dos anos 2000, sugere que alguns de seus aspectos foram utilizados de forma inédita aqui no Brasil.

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Publicado

2024-12-26