Raízes da indiferença: do colonialismo à subjetivação melancólica na sociedade neoliberal

Autores

  • Priscila Duarte dos Reis Farias Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Gustavo Rebelo Coelho de Oliveira Universidade do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.28998/rm.2024.n.16.17850

Palavras-chave:

Violências, Indiferença, Neoliberalismo, Colonialismo, Melancolia social

Resumo

Este artigo se destina a tecer análises sobre as causas da legitimação e indiferença social diante das violências de estado cometidas em desfavor de cidadãos precarizados e sobre a forma como o poder é capaz de internalizar nos sujeitos as suas normas. Para tanto, esta pesquisa inicialmente parte de uma análise histórico-estrutural da formação social brasileira, até desembocar na análise das subjetividades, em sua interseção com a trágica estrutura delineada pelo colonialismo e o atual modo de produção neoliberal. Considera-se neste trabalho como violências de estado questões latentes na realidade brasileira, como o encarceramento em massa, a seletividade penal, o genocídio da juventude negra e periférica, o silenciamento do enlutamento por suas perdas e a descartabilidade dos corpos considerados "abjetos" na sociedade brasileira, a qual é social e racialmente estratificada. Autores como Judith Butler (2015; 2019), Freud (2010), Mbembe (2021), Fanon (1968), entre outros, embasam teoricamente esta pesquisa.

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Publicado

2024-12-26