Conhecimento antropológico, arenas políticas, gênero e sexualidade

Autores

  • Adriana Piscitelli Universidade Estadual de Campinas

DOI:

https://doi.org/10.28998/rm.2016.n.1.2437

Palavras-chave:

Gênero, Sexualidade, Direitos diferenciados, Prostituição, Feminismos

Resumo

Neste texto dialogo com as discussões sobre as relações entre direitos diferenciados, conflitos e produção de conhecimentos. Com esse fim, realizo alguns comentários sobre as contribuições que a antropologia oferece para compreender como aspectos vinculados a gênero e sexualidade são utilizados como ferramentas políticas, no embate entre certas leituras e concepções sobre esses temas e as aspirações e reivindicações de sujeitos subalternizados pelo exercício da sexualidade. Tomo como referência reivindicações de prostitutas no Brasil, suas relações com grupos feministas e também com o Estado, considerando as tensões nessas relações, particularmente, a partir da metade da década de 2000. Situo esses embates no âmbito da produção de direitos, que tornou possível reivindicar os direitos das mulheres e, nessa esfera, os direitos das prostitutas. Depois descrevo algumas tensões e conflitos entre organizações de prostitutas, grupos feministas e Estado, no Brasil, para abrir para questões que remetem às contribuições da antropologia na produção de conhecimento sobre direitos específicos e sobre as tensões nas arenas políticas vinculadas a debates sobre gênero e sexualidade.

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Biografia do Autor

Adriana Piscitelli, Universidade Estadual de Campinas

Núcleo de Estudos de Gênero PAGU, Unicamp

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Publicado

2016-12-27

Edição

Seção

Direitos Diferenciados, Conflitos e Produção de Conhecimentos