Os novos desafios da etnografia: Para além da resolução n° 510/2016

Autores

  • Rui Massato Harayama Universidade Federal do Vale do São Francisco

DOI:

https://doi.org/10.28998/rm.2017.n.2.3022

Palavras-chave:

Etnografia, Ética em Pesquisa, Culturas da Avaliação, Sistema CEP-CONEP, Resolução 510/2016

Resumo

 

Passados 20 anos da criação do Sistema CEP-CONEP, apontamos novas configurações de tradicionais impasses éticos da pesquisa em Ciências Humanas, a saber: o processo de entrada em campo, a publicação dos resultados e o uso de dados obtidos na experiência profissional. A consolidação da lógica neoliberal da cultura das avaliações associada às novas legislações sobre o Consentimento Prévio, Livre e Informado, Acesso à Informação e Transparência, e sua interface com a profissionalização da antropologia e as novas ferramentas de obtenção da informação digital, colocam novas discussões sobre a ética em pesquisa não contempladas pela Resolução 510/2016. Por fim, ressaltamos a ausência de um controle social da pesquisa, que ainda permanece no campo ideal do Sistema CEP-CONEP, mas que não é a realidade encontrada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rui Massato Harayama, Universidade Federal do Vale do São Francisco

Mestre em Antropologia
Professor do Colegiado de Antropologia no Campus Serra da Capivara - UNIVASF

Referências

ABA. Protocolo de Brasília: laudos antropológicos: condições para o exercício de um trabalho científico. Rio de Janeiro: ABA, 2015.

BELTRÃO, J. F.; OLIVEIRA, A. D. C.; PONTES JR., F. Significados do Direito à consulta: povos indígenas versus UHE Belo Monte. In: OLIVEIRA, J. P. D.; COHN, C. Belo Monte e a questão indígena. Brasília: ABA, 2014. p. 70-101.

BRASIL. DECRETO Nº 5.051, DE 19 DE ABRIL DE 2004. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/D5051.htm>. ed. Brasília: [s.n.], 2004. Acessado em 10/01/2017.

BRASIL. LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011. [S.l.]: [s.n.], 2011.

BRONZ, D. Nos Bastidores do Licenciamento Ambiental. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2016.

CADUFF, C. Targets in the Cloud: On Transparency and Other Shadow. Science, Technology, & Human Values, 2017. 1-5.

CNS. ATA 48, Brasília, 27 e 28 Setembro 1995. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/atas/1995/ata48.DOC>.

CNS. ATA 64, Brasília, 2/3 Abril 1997a. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/atas/1997/ata64.doc>.

COLEMAN, G. Hacker, Hoaxer, Whistleblower, Spy: The Many Faces of Anonymous. Londres: Verso, 2014.

COLLEMAN, G. From Internet Farming to Weapons of the Geek. Current Anthropology, fev. 2017.

CUNHA, P. M. A. D.; RIFIOTIS, T. “A publicidade como regra e o sigilo como exceção”: A publicização online de acórdãos referentes à "violência sexual" e os desafios para a etnografia de documentos. Anais da 30aRBA. [S.l.]: ABA. 2016.

DURHAM, E. A. Pesquisa Antropológica com populações urbanas: problemas e perspectivas. In: CARDOSO, R. A Aventura Antropológica. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.

FONSECA, C. O anonimato e o texto antropológico: dilemas éticos e políticos da etnografia 'em casa'. In: SCHUCH, P.; VIEIRA, M. S.; PETERS, M. Experiências, dilemas e desafios do fazer etnográfico contemporâneo. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2010. p. 205-227.

FUNAI. I Conferência Nacional de Política Indigenista - Propostas priorizadas pela Plenária Final. FUNAI. Brasília. 2016. Disponível em http://www.funai.gov.br/arquivos/conteudo/ascom/2016/doc/propostasurgentesnovo.pdf. Acessado em 10/01/2017.

GOODMAN, R.; NEVES DOS SANTOS, D. The Ilha de Maré study: a survey of child mental health problems in a predominantly African-Brazilian rural community. Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol, 2005. 40: 11–17.

HARAYAMA, R. M. Do ponto de vista do sujeito da pesquisa: evento e cultura material em um comitê de ética em pesquisa. 2011. Dissertação (Mestrado em Antropologia)–Faculdade de Filosofi a e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.

HARDY, E. AVALIAÇÃO DO SISTEMA CEP/CONEP Relatório - Etapa 1. Campinas: CEMICAMP/ UNICAMP. Agosto 2008.

HOSSNE, W. S. O poder e as injustiças nas pesquisas em seres humanos. Interface - comunicação, saúde, educação, Botucatu, Fevereiro 2003. 55-70.

JACOB, M.-A.; RILES, A. The New Bureaucracies of Virtue: Introduction. Polar: Political and Legal Anthropology Review, v. 30, n. 2, p. 181-191, November 2007.

LOBATO, L. et al. Conhecimento e voluntariedade para participação em pesquisas: um estudo descritivo com participantes de um ensaio clínico. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, jun 2014. 1305-1314.

MENEGUIN, S. et al. Entendimento do Termo de Consentimento por Pacientes Partícipes em Pesquisas com Fármaco na Cardiologia. Arq Bras Cardiol, São Paulo, 2010. 4-9.

MOVIMENTO INDEPENDENTE MÃES DE MAIO. Carreirismo Acadêmico, Ongueiro e Estatal. Sítio eletrônico Zagaia. Disponível em <http://zagaiaemrevista.com.br/article/carreirismo-academico-ongueiro-e-estatal/#sthash.s9wfY5AG.dpuf>. Publicado em 10/01/2015. Acessado em 10/01/2017.

MOVIMENTO MUNDURUKU IPẼRẼG’AYŨ. Quem são os muito Daniel Belick? Xingu Vivo, 11 maio 2015. ISSN http://xingu-vivo.blogspot.com.br/2015/05/quem-sao-os-muito-daniel-belick.html. Sítio Eletrônico Xingu Vivo. Disponível em <http://xingu-vivo.blogspot.com.br/2015/05/quem-sao-os-muito-daniel-belick.html>. Acessado em 10/01/2017.

OLIVEIRA, L. R. C. D. Pesquisa em Versus Pesquisa Com Seres Humanos. In: VICTÓRIA, C., et al. Antropologia e ética: O debate atual no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. UFF, 2004. p. 33-44.

OLIVEIRA, R. M. D.; ALEIXO, M. T. Convenção 169 da OIT em disputa: consulta prévia, pensamento descolonial e autodeterminação dos povos indígenas. Anais da 29ª Reunião Brasileira de Antropologia. [S.l.]: [s.n.]. 2014.

PEREIRA, M. D. S. Análise da Institucionalização do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (1997-2007) Complexidades e Desafios. Belo Horizonte: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Minas Gerais. 2007.

POLANCZYK, G. et al. Annual research review: A meta-analysis of the worldwide prevalence of mental disorders in children and adolescents. J Child Psychol Psychiatry, p. 56(3):345-65, Março 2015.

POUGET, F. Prática arqueológicas e alteridades indígenas. São Paulo: Dissertação de Mestrado Apresentada no MAE USP, 2010.

REDE DE COOPERAÇÃO AMAZÔNICA – RCA. DIFICULDADES E RESISTÊNCIAS no processo de implementação do direito à consulta livre , prévia e informada no Brasil. São Paulo: Rede de Cooperação Amazônica – RCA, 2016.

REIS, R. A. C. NÓS, OS OUTROS E OS “PARENTES”: POLÍTICA E POVOS INDÍGENAS NO CONTEXTO DE IMPLANTAÇÃO DA HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE. Brasília: Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade de Brasília (DAN /UnB), 2015.

REPÚBLICA, P. D. Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado. Brasília: MARE, 1995.

STRATHERN, M. "Melhorar a Classificação': a avaliação no sistema universitário britânico. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, v. 53, p. 15-31, Março 1999.

_______________. Audit Cultures: Anthropological studies in accountability, ethics and the academy. London: Routledge, 2000.

_______________. Accountability. and ethnography. In: STRATHERN, M. Audit Cultures: Anthrpological studies in acountability, ethics and the academy. London: Routledge, 2000b. p. 279-304.

_______________. Bullet-proofing: a tale from United Kingdom. In: RILES, A. Documents: Artifacts of Modern Knowledge. Ann Arbor: The University of Michigan Press, 2006. p. 181-205.

VICTORIA, C. et al. Antropologia e Ética: o debate atual no Brasil. Niterói: EdUFF, 2004.

VIEGAS, Lygia de Sousa; HARAYAMA, Rui Massato; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Apontamentos críticos sobre estigma e medicalização à luz da psicologia e da antropologia. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 20, n. 9, p. 2683-2692, Sept. 2015 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232015000902683&lng=en&nrm=iso>. Acessado em 31/05/2017. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015209.08732015.

Downloads

Publicado

2017-08-12

Edição

Seção

Desafios e Dilemas da Ética em Pesquisa nas Ciências Humanas