Quando a Ética se Torna Moral: considerações sobre o sistema CEP no Brasil

Autores

  • Juliana Lopes de Macedo Universidade Federal do Pampa

DOI:

https://doi.org/10.28998/rm.2017.n.2.3094

Palavras-chave:

Comitês de Ética em Pesquisa, Contratualismo, Moral

Resumo

O presente artigo tem como objetivo refletir sobre o caráter contratualista e legalista dos Comitês de Ética e Pesquisa, a partir da análise de três elementos com os quais me deparei ao longo de minha trajetória enquanto pesquisadora: 1) a falta de homogeneidade nas avaliações éticas; 2) a falta de acesso e a objeção de consciência presentes em alguns Comitês e; 3) a centralidade do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para determinar o caráter ético de uma pesquisa. Defendo a ideia de que o sistema CEP/Conep está ancorado em uma perspectiva moral regida pela legalidade e pelo contratualismo, que resume a ética em pesquisa a um conjunto de procedimentos morais que não soluciona as desigualdades de poder entre pesquisadores e pesquisados.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Juliana Lopes de Macedo, Universidade Federal do Pampa

Doutora em Antropologia Social 

Professora do Curso de Medicina/Campus Uruguaiana

Referências

BEECHER, Henry K. Ethics and Clinical Research. The New England Journal of Medicine, v. 274, n. 24, p. 1354-1360, 1966.

CALDEIRA, Teresa Pires. “Uma incursão pelo lado 'não- respeitável' da pesquisa de campo”. Caxambu: IV Encontro anual da ANPOCS, 1980, mimeo.

CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. A antropologia e seus compromissos ou responsabilidades éticas. In: Soraya Fleischer; Patrice Schuch. (Org.). Ética e regulamentação na pesquisa antropológica. Brasília: UnB & Letras Livres, 2010. p. 25-38.

CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. O mal-estar da ética na antropologia prática. In: Ceres Victora et al (Orgs.). Antropologia e Ética: o debate atual no Brasil. Niterói: EdUFF, 2004. p. 21-32.

CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. O saber, a ética e a ação social. Revista Internacional de Filosofia da USP, v. XIII, n. 2, p. 07-22, 1990.

CONEP – CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Resolução 510, de 07 de abril de 2016.

DINIZ, Debora. GUILHEM, Dirce. O que é bioética. São Paulo: Brasiliense, 2007.

DONDA, Cristina Solange. Los Imperativos de La Conciencia, 2001. Disponível em: http://www.clam.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=8377&sid=103&tpl=view_BR_0125.

DWORKIN, Ronald. A Justiça de Toga. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.

FONSECA, Claudia. Situando os Comitês de Ética em Pesquisa: o sistema CEP (Brasil) em perspectiva. Horizontes Antropológicos, v. 21, n. 44, p. 333-369, 2015.

GOLDIM, José Roberto. Consentimento Informado e a adequação de seu uso na pesquisa em seres humanos. Porto Alegre, 1999. (Tese de Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Medicina: Clínica Médica da Faculdade de Medicina - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

HOBBES, Thomas. Leviatã ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil. 2. Ed. São Paulo: Martin Claret, 2014.

MACEDO, Juliana Lopes de. A Subversão da Morte: um estudo antropológico sobre as concepções de morte encefálica entre médicos. Porto Alegre, 2008, 173 fls. (Dissertação de Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

MACEDO, Juliana Lopes de. As Regras do Jogo da Morte Encefálica. Revista de Antropologia, v. 59, p. 32-58, 2016.

MACEDO, Juliana Lopes de. Quando a Vida encontra a Morte: as concepções médicas e jurídicas sobre anencefalia e morte encefálica. Porto Alegre, 2012, 255 fls. (Tese de Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

MACEDO, Juliana Lopes de. The multiple meanings of 'risk': views on the abortion of non-viable fetuses among Brazilian medical doctors and magistrates. Vibrant (Florianópolis), v. 12, p. 204-230, 2015.

RACHELS, James. Uma breve introdução à filosofia moral. In: RACHELS, James; RACHELS, Stuart (Orgs.). A Coisa Certa a Fazer: leituras básicas sobre filosofia moral. Porto Alegre: AMGH Editora, 2014. p. 13-31.

THIRY-CHERQUES, Hermano Roberto. John Rawls: a economia moral da justiça. Revista Sociedade e Estado, v. 26, n. 3, p. 551-563, 2011.

Downloads

Publicado

2017-08-12

Edição

Seção

Desafios e Dilemas da Ética em Pesquisa nas Ciências Humanas