Desafios contemporâneos para a antropologia no Brasil: Sinais de uma nova tradição etnográfica e de uma relação distinta com os seus “outros”

Autores

  • João Pacheco de Oliveira Museu Nacional

DOI:

https://doi.org/10.28998/rm.2018.n.4.5022

Palavras-chave:

história da antropologia, Antropologias periféricas

Resumo

A história de uma “antropologia periférica”[1] nunca começa no próprio país, mas sim nos espaços metropolitanos, onde foram instituídas as galerias de “pais-fundadores” e se constituíram as genealogias científicas. Nessa linha os cursos de graduação em ciências sociais, descritos como momentos iniciais de profissionalização, foram seguidos mais tarde pela implantação de programas de pós-graduação, demarcando o conhecimento como um produto exclusivamente universitário. Tudo aquilo que os precede é pensado apenas como “pré-história”, a qual poderia ter apenas a limitada utilidade de uma certa erudição, mas não contribuiria com conhecimentos científicos nem com instrumentos analíticos que pudessem colaborar de maneira efetiva para a investigação e o trabalho antropológico. Numa perspectiva provinciana e colonizada os historiadores da disciplinas buscam sempre o ponto zero da antropologia nesses países. Ou seja, procuram separar em definitivo e de maneira pretensamente inequívoca, de um lado, as formas legítimas de produção de conhecimento e os parâmetros profissionais pensados como os únicos corretos, uma pura reprodução de antropologias metropolitanas, e de outro lado, as práticas não científicas, não legítimas e puramente de amateurs, que identificam com os autores e tradições nacionais.


[1] Expressão utilizada por Roberto Cardoso de Oliveira (1999) para designar antropologias (como as latino-americanas) que emergem fora da Europa Ocidental e dos Estados Unidos, ou seja, de contextos hegemônicos em termos econômicos e políticos, nos quais se desenvolvem as "antropologias centrais".

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Publicado

2018-07-11

Edição

Seção

Artigos fluxo contínuo/Articles