GIUMBELLI, Emerson; RICKLI, João; TONIOL, Rodrigo. Como as coisas importam: uma abordagem material da religião. Porto Alegre: Editora da UFGRS, 2019.
DOI:
https://doi.org/10.28998/rm.2019.n.7.9823Resumo
“Como as coisas importam: uma abordagem material da religião”, compilação de seis textos escritos por Birgit Meyer entre 2009 e 2015, é, inegavelmente, uma referência obrigatória para interessados em pesquisar religião e cultura material, mas não será esse o destaque desta resenha. Uma breve passagem da entrevista que encerra o livro e que poderia passar despercebida por um leitor mais desatento acaba sendo, ironicamente, a síntese mais fiel do que representa a produção antropológica da autora. Nela, Meyer revela como a experiência em campo na África – quando ainda era estudante de estudos pedagógicos e religiosos – foi crucial não apenas para que ela se tornasse antropóloga, mas também para que assumisse posições e argumentos teóricos ao longo de sua carreira. Na sequência, relembra as palavras de Johannes Fabian, seu orientador na Universidade de Amsterdã, onde se doutorou, sobre como a antropologia “depende de encontros, conversas e trocas entre antropólogos e seus interlocutores” (p. 283). Embora possa parecer trivial, não resta nenhuma dúvida de que Meyer levou à sério o conselho – e não é por acaso que dele ainda se lembre –, e seus resultados podem ser vistos neste que, embora não se proponha a ser, pode ser lido como um manual didático sobre como fazer boa antropologia.