Mulheres portadoras de trombofilia: entre narrativas da reprodução assistida mandatória e da tragédia relacionada aos anticoncepcionais hormonais.
DOI:
https://doi.org/10.28998/rm.2019.n.6.6855Palabras clave:
trombofilia, gênero, atenção à saúde, saúdeResumen
Este trabalho sistematiza impressões sobre questões que rondam o diagnóstico e a vivência, em mulheres, de um conjunto de condições médicas denominadas de “trombofilias”. Fundamenta-se na experiência da primeira autora e em seus relatos de cunho autoetnográfico, na análise crítica da literatura acadêmica sobre a temática e em observações realizadas pelos autores, ao longo dos últimos 5 anos, de postagens em grupos de portadores de trombofilias, da rede Facebook, voltados ao apoio mútuo de seus componentes. Os resultados apresentados revelam mecanismos de medicalização e controle do corpo feminino desvelados pelas especificidades das portadoras dessas condições. Esses mecanismos estão relacionados à banalização do uso de contraceptivos de base hormonal e à baixa autonomia feminina quanto à escolha de métodos contraceptivos; além disso, revelam barreiras ao acesso a tecnologias de reprodução assistida e a manutenção do papel feminino de reprodução biológica, frente aos problemas de fertilidade relatados.
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