TESSITURAS ENUNCIATIVO-DISCURSIVAS SOBRE A CHUVA (NO SERTÃO): DA MORTE À VIDA, NO “INVERNO”, DE JORGE DE LIMA
Palavras-chave:
Chuva, Sertão, Espaço, Literatura, Construção, Discurso,Resumo
Vinculado ao pressuposto teórico da Linguística Aplicada, e a demanda interdisciplinar desta área epistemológica, este estudo tem por objetivo analisar enunciativo-discursivamente o poema “Inverno”, do alagoano Jorge de Lima (1893-1953), considerando a categoria “espaço” nessa obra literária, a confluência entre literatura e sociedade, assim como entendimentos de que a linguagem e as práticas discursivas constroem e constituem a realidade. Assim, problematizamos e procuramos identificar as formas pelas quais, nesse poema, o autor alagoano se filia à estrutura significativa/temática do que se denominou de “literatura das secas”. Desta forma, embasamo-nos em Bosi (2017), Albuquerque Júnior (2011, 2014, 2017 e 2019); Bakhtin ([1931] 2016), Medviédev ([1928] 2013), Moita Lopes (2004) e Santos Filho (2012). Ademais, após as análises, compreendemos que o termo “chuva” e a mudança espacial ocasionada, na obra, aparecem como sinônimo de vida para o povo sertanejo, e que a falta dela, assim como silenciada no texto, acarreta a não-vida, a morte. Desta forma, o poema está imerso em uma rede de tessituras, encadeadas discursivamente, acerca do que é construído historicamente sobre o sertão e o(a)s sertanejo(a)s, dentro da literatura das secas.
Palavras-chave: Chuva; Sertão; Espaço; Literatura; Discurso.
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