Identidade humana como dependência e pertencimento (a partir do pensamento do Ereignis)
Resumo
O artigo pergunta, de maneira meditativa, pelo sentido da propriedade (Eigentum) e da ipseidade humana (Selbstheit), investigando-as como aspectos ontológicos da estrutura fundamental da existência humana (Da-sein). Nessa direção, procura responder à questão “Quem é o homem?”, pressupondo que a identidade da existência humana emerge de um vínculo essencial e íntimo pertencimento ao ser enquanto princípio do acontecimento histórico. Sob questionamento, portanto, está a dependência do ser do humano ao dar-se do ser, ao revelar de seu escondimento, em referência ao qual o humano se projetaria si mesmo de modo próprio e a essência humana se desdobraria de maneira originária. Para tanto, move-se dentro do horizonte do pensamento tardio heideggeriano, evidenciando traços que comporiam a resposta. Porém, não se procede por meio de uma análise minuciosa das obras em torno do pensamento do Ereignis, em especial os Beiträge zur Philosophie, em vista da explicitação do arcabouço conceitual em que se sustenta a compreensão histórico-essencial acerca da ipseidade humana. Ao contrário, procura-se percorrer movimentos de uma reflexão que problematiza o sentido da dependência em questão. Nesta perspectiva, é acentuada a necessidade da superação da determinação metafísico-antropológica da existência humana, em virtude da qual a dependência se restringe aos significados de submissão, heteronomia e outras formas de decadência da liberdade humana. Neste movimento, a reflexão esclarece que o traço insigne da propriedade da existência humana é a condição incontornável de ser usado pelo ser, a qual é interpretada no horizonte da fundação da existência humana enquanto a abertura da guarda e cuidado do mistério do ser.
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