TRÊS HOMENS E UMA CIDADE

ITINERÁRIOS DESEJANTES NO RECIFE-PE

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Resumo

Para se pensar a construção de espaços urbanos que respeitem a multiplicidade de pessoas que o ocupem e que, portanto, possam ser legitimados pela comunidade LGBTQIA+, proponho neste artigo o exercício de apreensão da cidade a partir das narrativas de sexualidades dissidentes. O objetivo é discutir, a partir da tríade corpo, memória e desejo, as possibilidades de apreensão da produção das espacialidades urbanas dissidentes da cidade do Recife-PE. Para isso, concomitante às minhas apreensões da cidade, são apresentadas também duas literaturas homoeróticas que têm como cenário a vivência sexualmente dissidente de homens por alguns bairros do Recife. É dessa experiência dos três interlocutores que a cartografia dos desejos homoafetivos aqui produzida toma forma e sentido. Paradoxalmente, a marginalidade ao qual muitos desses espaços são relegados, aqui são colocados em evidência e valorizados enquanto lugares de pertencimento e como parte da memória da cidade. Os corpos em trânsito e o desejo, formadores de espacialidades, completam o itinerário e deixam suas marcas na cartografia. Dentro do recorte temporal dos três interlocutores (1960-2022), encontram-se mais permanências do que transitoriedades nas dinâmicas dissidentes na cidade do Recife. Por fim, a produção cartográfica indica lugares no imaginário da cidade, sendo este um importante recurso de reconhecimento e apropriação, de forma a possibilitar uma outra forma de ver a cidade que não seja na reprodução da norma hegemônica vigente.

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Biografia do Autor

Euclides Rocha Cavalcante Neto, MDU-UFPE

Mestrando em Desenvolvimento Urbano pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano (PPG-DU) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Arquiteto e Urbanista pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Integrante da linha de pesquisa "Corpos, Cidades e Territorialidades Dissidentes", do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Culturas, Gêneros e Sexualidades (NuCuS) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Egresso (2018-2021) no Programa de Educação Tutorial (PET) Arquitetura da Ufal. Colaborador (2021-2022) no Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento de Pernambuco. Me interessa estudos sobre sexualidades dissidentes e o território urbano.

Flávia de Sousa Araújo, Ufal - Professora adjunta da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Arquiteta e Urbanista graduada pela Universidade Federal do Pará (UFPA), especialista em Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente pela mesma instituição, mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (PPGAU-UFBA) e doutora em Planejamento Urbano e Regional pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR/UFRJ). Em 2008 foi arquiteta na Companhia de Desenvolvimento Urbano do Governo do Estado da Bahia (CONDER-BA), lotada na Gerência Viver Melhor, onde desenvolveu projetos de Habitação de Interesse Social e equipamentos públicos. No ano seguinte, foi Assessora da Câmara de Política Setorial de Infraestrutura e Transporte, na Secretaria de Estado de Governo do Pará, e integrou a equipe responsável pelo Plano Estadual de Habitação de Interesse Social do Pará (PEHIS/PA), atuando na elaboração de políticas habitacionais para Povos Indígenas e comunidades tradicionais. No Rio de Janeiro, entre os anos de 2011-2014 foi pesquisadora do Observatório das Metrópoles (IPPUR/UFRJ), no Grupo de Trabalho Habitação e Cidade, onde investigou os impactos do Programa Minha Casa Minha Vida no país. Atualmente é professora adjunta da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas (FAU-UFAL) lecionando nos cursos de Arquitetura e Design. É orientadora da Empresa Junior de Engenharia Civil e Arquitetura (EJEC/UFAL) e do Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo (Beco/FAU-UFAL). Integra os Grupos de Pesquisa Laboratório de Interpretação de Núcleos Habitados (LIN-A) e Morfologia dos Espaços Públicos (MEP-FAU/UFAL). Neste último, desenvolve a pesquisa intitulada A Cidade Distópica e Outras Alternativas de Futuro no séc. XXI: instagramatização e artivismos nas disputas pelo espaço público em Maceió-AL.

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Publicado

2023-12-23