Identidades culturais, marxismo e pósestruturalismo: Debate sobre a construção do outro, justiça social e lutas contemporâneas
Palavras-chave:
Identidades culturais. Lutas sociais. Pós-Estruturalismo.Resumo
Como expressão relacionada ao pensamento decolonialista e pós-moderno, a culturalização da instância política, isto é, a marcação de identidades culturais como efeito politizador na luta por direitos sociais, prevalece como suplemento que localiza/mobiliza indivíduos em construções de pertencimento a grupos, comunidades, territórios e práticas afirmativas dentro da sociedade. Sobre essa condição de pertencimento étnico-cultural sustentam-se as ações afirmativas que norteiam estratégias de lutas e conquistas de direitos sociais, especialmente nas duas primeiras décadas do século XXI. Para tornar as coisas mais fluidas e instáveis, esse pertencimento tende a aliar qualidades paradoxais. Ao mesmo tempo se apresenta de forma fundadora e contingencial, descartável e cumulativa, incentivando e estimulando a fixação e o abandono de múltiplas identidades ou identificações. Isso gera posturas híbridas, zonas de interseção, em que se manifestam paradoxos, entropias e desafios às análises apoiadas no pensamento estruturado pelos conceitos cânones da modernidade. O problema que será abordado nesse artigo sugere que, se por um lado desigualdades de renda e injustiças sociais prevalecem, permanecem e, por vezes, se agudizam como marcas de pobreza e exploração atuais, por outro, as políticas fundadas em expressões étnico-culturais produzem contornos mais nítidos aproximando o indivíduo da luta cotidiana por direitos sociais.