Acervos e contra-acervos: sobre saqueamentos, feitiços e redemoinhos na arte indígena contemporânea
DOI:
https://doi.org/10.28998/rm.2022.n.12.13305Palavras-chave:
saqueamentos, contra-acervo, artecídio, valor de culto, valor de exposiçãoResumo
O texto desdobra-se da seguinte questão: “Como deslocar as relações entre aura, obra, acervo e museus diante do que o diagrama da arte indígena contemporânea vem redesenhando sobre diagrama da arte contemporânea brasileira?”. A sondagem desta questão é guiada pela imagem de um redemoinho que desenha uma exposição imaginária onde se enredam Glicéria Tupinambá, Daiara Tukano e Patrícia Ferreira “Para Yxapy” e de um Saci- curador, ser encantado que se infiltra na política das imagens, nos bastidores e nas engrenagens dos dispositivos: museu, coleção, exposição e da própria história da arte. O texto é sobre atravessar esse redemoinho, mapear saqueamentos coloniais, revisitar a encenação do moderno e escutar as ressonâncias de processos mobilizados por artistas indígenas contemporâneas a fim de confrontar as relações estreitas entre colonialidade e acervos, apontando para a ideia de contra-acervos e contra- arquivos da arte.
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