Intimidade e violência nos audiovisuais latino-americanos contemporâneos

Resumen

Este artigo analisa como os sentidos comuns de violência são disputados e re-significados através da experimentação formal e narrativa da intimidade em alguns documentários recentes do México e da América Latina. Para tal, examina exemplos de produções, bem como dinâmicas de produção e circulação em torno de três modalidades de violência: a narco-violência (ligada ao desaparecimento forçado e à violência de Estado), a memória histórica e a violência racial e de gênero. Conclui que estas propostas desafiam a noção convencional de esfera pública como algo separado do privado e sobretudo racional, para pensar o impacto destas obras na transformação de sensibilidades e subjetividades que, embora geralmente relegadas para a esfera privada, são de facto cruciais para a vida pública e para a reconfiguração do comum. São modos íntimos de olhar, desejar, ansiar, imaginar futuros, produzir sentidos e significados que, ao tornarem-se colectivos, contribuem para transformar as “estruturas do sentir”.