“Não há mais chance de não querer seguir este caminho”: grafias de uma geração de jovens na universidade pública
DOI :
https://doi.org/10.28998/rm.2021.n.10.11846Mots-clés :
antropologia da juventude, jovens periféricos, universidade pública.Résumé
Tendo como referência comunicações pessoais e textos produzidos por graduandos na condição de pesquisadores de um projeto de pesquisa e extensão, este artigo busca refletir como marcadores de idade, geração, classe social, raça e território se articulam na experiência universitária, e influem na percepção desses jovens sobre si mesmos e seus projetos de vida. Com o aporte de outros trabalhos antropológicos que tomaram documentos e escritos em torno da vida pessoal e profissional como objetos de análise (KOFES E MANICA, 2015), investe-se aqui numa narrativa etnográfica sobre esses jovens e sua geração, produzida no encontro de minha narrativa pessoal como pesquisadora-supervisora do projeto em foco e as narrativas produzidas pelos graduandos sobre si mesmos, a participação no projeto e a universidade pública. As diferentes fontes mobilizadas para este trabalho (currículo, relatório de pesquisa e relato com fins de publicação) são lidas a um só tempo como narrativas autobiográficas e grafias da vida social de certa parcela da juventude brasileira, cuja experiência geracional passa também pelo acesso à universidade em contexto recente.
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