Lá onde, cara pálida? Pensando as glórias e os limites do campo etnográfico
DOI :
https://doi.org/10.28998/rm.2017.n.2.3148Mots-clés :
antropologia, ética, trabalho de campoRésumé
Desde a época dos nossos pais fundadores, a certeza quanto às distâncias que separam pesquisador de pesquisados evaporou. Os aviões e a internet assim como a bolsa de ações e as corporações transglobais provocaram um redimensionamento não só da distância física, mas também da noção de distanciamento analítico. Nessa discussão, abordo uma experiência de campo em uma colônia para pessoas com Hanseníase e procuro refletir como não há como isolar o etnógrafo de suas práticas de campo e do seu texto. Me inspiro nas análises de pesquisadores dedicados aos Estudos de Ciência e Tecnologia , que nos ensinam a desconfiar de fronteiras fixas, propondo, ao invés, pensar nos territórios e objetos como fluídos, fogosos, ou “dobrados”, onde o “dentro” e “fora” é longe de ser evidente (M’Charek, 2014; ver também Bumachar, 2016). O “eu estive lá” do antropólogo não se remete mais ao pesquisador observando algum fenômeno natural “exterior” a ele.
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