Os sabores do/no Rio Araí
DOI:
https://doi.org/10.28998/rm.2019.n.6.6193Resumo
Este ensaio - é um recorte do campo fotoetnográfico, deste aprendiz de etnógrafo, que há algum tempo tem se dedicado a estudar e registar por meio de imagens as experiências de pescaria e comensalidades do povo araiense - diz respeito a dois seres que povoam não apenas os manguezais e as águas do rio Araí, mas também as mesas dos araienses, a saber: o baiacu (tetraodontídeos) e o turu (Teredo navalis).O primeiro é um peixe conhecido por ser venenoso. Seu veneno concentra-se em uma pequena glândula (conforme mostrado na imagem 4), que depois de retirada o torna próprio ao consumo humano. Já o segundo é um molusco que em tempos de outrora alimentava as populações ameríndias da Amazônia. Para os de fora sua aparência causa estranheza, para os araienses ele é comida de sustança, com considerável poder curativo e afrodisíaco. Tanto um quanto o outro, contribuem para composição alimentar dos povos amazônicos do salgado paraense, como é o caso do povo de Araí, tratando-se, assim, de uma linguagem de identidade (MACIEL, 2005, CONTRERAS, 1992), de um povo caboclo e amazônico.