Passado, presente e futuro: revisitando as origens do Tenentismo e o nacionalismo autoritário das décadas de 1910 e 1920.
DOI:
https://doi.org/10.28998/rchv11n21.2020.0017Resumo
De panaceia para as grandes questões nacionais no final do século XIX a decepção enquanto regime no século XX, a República se tornou cada vez mais frágil diante das ações de seus opositores durante as décadas de 1910 e 1920. Considerando as diferentes culturas políticas em disputa em um cenário de crise que se agravava, este artigo pretende investigar eventuais proximidades entre o que produziam os intelectuais autoritários e o que pregava o Tenentismo no momento de suas primeiras ações armadas. Haja visto que tais grupos se anunciavam como vanguarda das transformações que julgavam necessárias ao regime, convivendo no mesmo ambiente político-cultural de debacle internacional dos paradigmas liberais. Para isso, além de contar com um panorama sobre a construção de um ambiente intelectual e republicano no país, no final do século XIX, as análises foram construídas aqui partindo dos ensaios sócio-históricos escritos pelos intelectuais autoritários entre as décadas de 1910 e 1920, bem como dos manifestos, moções e cartas produzidos pelos militares revoltosos entre 1922 e 1924.
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