Apropriação e produção de teorias evolucionistas nos periódicos anarquistas brasileiros (1900-1930)

Autores

  • Gilson Leandro Queluz Universidade Tecnológica Federal do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.28998/rchv11n21.2020.0010

Resumo

Este trabalho pretende analisar a apropriação e produção de teorias evolucionistas presentes nos periódicos anarquistas brasileiros nas primeiras décadas do século XX. No caso do anarquismo brasileiro, a mediação da recepção das teorias evolucionistas ocorreu no marco de uma diferente compreensão ideológica e política da modernidade. Nesta visão do moderno conviviam simultaneamente a resistência ao viés colonizador, autoritário, racista e hierárquico, frequentemente presente no discurso hegemônico das elites brasileiras, e a reafirmação libertária do ideário de igualdade e justiça social, através de criativas e combativas hibridizações com o pensamento científico evolucionista. Consideramos que os anarquistas participavam de uma tradição interpretativa desenvolvida internacionalmente por trabalhadores e artesãos, que levou à constituição de um pensamento social libertário, que ao procurar situar a evolução em um contexto social revolucionário, auxiliou a produção de teorias críticas libertárias sobre a ciência.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Gilson Leandro Queluz, Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Pós- Doutor em Política Científica e Tecnológica(UNICAMP), Doutor em Comunicação e Semiótica(PUC-SP), Mestre em História(UFPR).Professor do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade e do Departamento de Estudos Sociais da Universidade Tecnológica Federal do Paraná(UTFPR).

Referências

ANDERSON, Benedict. Under Three Flags: Anarchism and the anticolonial imagination. London;New York: Verso, 2007.

ANTLIFF, Mark. Revolutionary Immanence: Bergson Among the anarchists in: Mullarkey, John; Mille, Charlotte. Bergson and the art of immanence. Eddinburgh University Press, 2013, pp. 94-111.

BOWLER, Peter J. Evolution: The History of an Idea. University of California Press: Berkley, 2003

BOWLER, Peter J. The Non-Darwinian Revolution: Reinterpreting a Historical Myth. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 1992.

BRACONS, Eduard Masjuans. “La cultura de la naturaleza en el anarquismo ibérico y cubano”. Signos Históricos, n.15, 2006, p. 98-123

CLARK, John. An Introduction to Reclus’Social Thought. In: Anarchy, Geography and Modernity: Selected Writings of Elisée Reclus. PM Press: Oakland, CA, 2013, p. 16-130.

COELHO, J.G. Consciência e matéria: o dualismo de Bérgson. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010.

DANTEC, Felix Le. A Luta Universal. Lisboa: Aillaud e Bertrand, 1908.

DESMOND, Adrian. The Politics of Evolution: Morphology, Medicine and Reform in Radical London. Chicago:London: Chicago University Press, 1992.

DUARTE, Regina Horta. Natureza e Sociedade, Evolução e Revolução: A Geografia Libertária de Elisée Reclus. Revista Brasileira de História, v. 51, 2006, pp. 11-24.

FERRER, Christian. Cabezas de Tormenta. Buenos Aires: Terramar, 2004.

FERRETTI, Federico. Evolução e revolução: os geógrafos anarquistas Elisée Reclus e Pëtr Kropotkin e sua relação com a ciência moderna, séculos XIX e XX. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.25, n.2, 2018, p. 1-16.

FRIZATTO JR., Wilson A. Scientiæ Studia, São Paulo, v. 9, n. 4, 2011, p. 791-820

GUALTIERI, Regina Candida Ellero. Evolucionismo no Brasil. Ciência e Educação nos Museus (1870-1915). São Paulo: Editora Livraria da Física, 2009.

HARDMAN, Francisco Foot. Nem Pátria, Nem Patrão: Vida Operária e Cultura anarquista no Brasil. São Paulo: UNESP, 2002.

KESHAVJEE, Serena. Natural History, Cultural History, and the Art History of Elie Faure. Nineteenth-Century Art Worldwide, Vol. 8, No. 2, 2009, p. 1-26

KROPOTKIN, Piotr. Ajuda mútua: um fator de evolução. São Sebastião: A Senhora Editora, 2009.

LOPREATO, Christina Roquette. O Espírito das Leis: anarquismo e repressão política no Brasil In: Verve, 3, 2003, p. 75-91.

LOVEJOY, Arthur. Bergson and Romantic Evolutionism. Berkley: University of California, 1914.

LOWY, Michael;SAYRE, Robert. Revolta e Melancolia. São Paulo: Boitempo, 2015.

MAZA, Fábio. Anarco-sindicalistas: A visão dos libertários de ciência e tecnologia. Dissertação (Mestrado em História). São Paulo: PUC,1993.

MORRIS, Brian. Kropotkin: The Politics of Community. Oakland, CA: PM Press, 2018.

NASCIMENTO, Rogério Humberto Zeferino. Pensamento social anarquista: contribuições, características, singularidades. Revista Espaço Acadêmico, n. 210, nov. 2018, p. 3-36.

NASCIMENTO, Rogério Humberto Zeferino. Florentino de Carvalho, um professor indisciplinado! In: DEMINICIS, Rafael; REIS FILHO, Daniel Aarão. História do Anarquismo no Brasil (volume 1). Niterói: EduFF, Rio de Janeiro:Mauad, 2006b, p. 181-202.

NASCIMENTO, Rogério Humberto Zeferino. Indisciplina: experimentos libertários e emergência de saberes anarquistas no Brasil. Tese (Doutorado em Ciências Sociais/ Política), PUC-SP, São Paulo, 2006a.

OLIVEIRA, Tiago Bernardon de. Anarquismo, Sindicatos e Revolução no Brasil. Tese (Doutorado em História), UFF, Rio de Janeiro, 2009.

PAULA, Amir El Hakim de. Geografia e anarquismo: a importância do pensamento de Piotr Kropotkin para a ciência / Amir El Hakim de Paula. São Paulo: Editora Unesp, 2019.

RECLUS, Eliseo. Evolución, Revolución y Otros Escritos. Montevideo: Alter Ediciones, 2012.

SCHMIDT, Benito Bisso. O Deus do progresso: a difusão do cientificismo no movimento operário gaúcho da I República. Revista Brasileira de História. v. 21, nº 41, 2001, p. 113-126.

SCHMIDT, Michael; WALT, Lucien van der. Black Flame: The Revolutionary Class Politics of Anarchism ans Syndicalism. Oakland, CA; Edinburgh, UK: AK Press, 2009

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Espetáculo das Raças, São Paulo: Cia, das Letras, 1993.

SEIXAS, Jacy Alves de. Anarquismo e socialismo no Brasil: as fontes positivistas darwinistas sociais, História e Perspectiva, n. 12/13, jan./dez 1995, p. 133-148.

SIERRA, Alvaro Giron Evolucionismo y Anarquismo: la incorporacion del vocabulario y los conceptos del evolucionismo biologico em el anarquismo español (1882-1914). Tese de doutorado, Universidad Complutense, 1996.

SILVA, Rodrigo Rosa da Silva. Anarquismo, ciência e educação: Francisco Ferrer y Guardia e a rede de militantes e cientistas em torno do ensino racionalista (1890-1920). Tese (Doutorado em Educação), USP, São Paulo, 2013.

SPENCER, Herbert. The Principles of Sociology. New York: D. Appleton and Company, 1898, V. 1.

TODES, Daniel P. Darwin’s Malthusian Metaphor and Russian Evolutionary Thought, 1859-1917. Isis, vol.78, n. 4, 1987, p. 537-551.

THORPE, Charles; WELSH, Ian. Beyond primitivism: Towards a twenty-first century anarchist theory and praxis for science and technology. Anarchist Studies, v.16 , n. 1, 2008, p. 48-75.

VAUGHN, Michael. “Was Bergson an Anarchist? The Metaphysics and Ethics of Creativity” : http://anarchist-studies-network.org.uk/Anarchism_and_Moral_Philosophy, acesso em dezembro de 2019.

WILLIAMS, Raymond. Marxismo y Literatura. Buenos Aires: Las Cuarenta, 2009.

WOODCOCK, George. História da Idéias e Movimentos Anarquistas: A idéia. Porto Alegre: L&PM, 1983.

Downloads

Publicado

2020-07-14

Como Citar

Queluz, G. L. (2020). Apropriação e produção de teorias evolucionistas nos periódicos anarquistas brasileiros (1900-1930). Revista Crítica Histórica, 11(21), 209–231. https://doi.org/10.28998/rchv11n21.2020.0010