Mulheres escravizadas em Alagoas: Resistência e protagonismo nos periódicos locais (1870 e 1880)
DOI:
https://doi.org/10.28998/rchv12n23.2021.0005Resumo
O objetivo desse artigo é estudar as representações das mulheres escravizadas em Alagoas nas décadas de 1870 e 1880, período final do escravismo. Com base no Censo Nacional de 1872 sabemos que existiam em Alagoas 17.409 mulheres escravizadas na província. Nossa intenção é buscar na imprensa local notícias relacionadas ao dia a dia e ao trabalho dessas mulheres, destacando sua condição de sujeitos históricos e identificar práticas de resistência à escravidão. O material utilizado foram os periódicos alagoanos editados no período e disponíveis na Hemeroteca Digital Brasileira. Esses jornais veiculam desde notícias sobre compra e venda de escravas até notícias relacionadas ao cotidiano dessas mulheres, como fugas, crimes ou a oferta de trabalhos específicos. O método utilizado foi o da história social e da micro-história, que buscam encontrar na história individual relatos e perspectivas não percebidas na história coletiva de grandes grupos, mas que contribuem para a melhor compreensão da realidade estudada. Nos resultados, apresentamos notícias e relatos encontrados durante a pesquisa e tentamos dimensionar o papel das mulheres escravizadas na sociedade alagoana do final do século XIX e, desta forma, perceber as transformações e as diferentes formas de resistência ao cativeiro.
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