Duas Marias lutando em família pelo direito de serem donas de si

Autores

  • Karine Teixeira Damasceno Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIo)

DOI:

https://doi.org/10.28998/rchv12n23.2021.0006

Resumo

Neste estudo, reconstituo a experiência de duas mulheres enquanto lutavam pela liberdade legal para si mesmas e para suas filhas e filhos pequenos, em Feira de Santana, Bahia, nas últimas décadas da escravidão. Para tanto, foram analisados documentos relacionados ao caso como cartas de alforrias, ações de liberdade, inventários e jornais. A partir de uma abordagem qualitativa das marcas deixadas por essas personagens em seu itinerário foi possível saber que, a despeito da opressão interseccional de classe, gênero e raça; mulheres negras – escravizadas, libertas e livres foram personagens centrais na luta pela liberdade legal na região nas últimas décadas da escravidão. O cruzamento destes documentos explicitou que as especificidades da escravidão feminina influenciavam na decisão das mulheres em investir na conquista desse tipo liberdade.

Palavras-chaves: Mulheres negras. Escravidão. Liberdade legal.

 

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Biografia do Autor

Karine Teixeira Damasceno, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIo)

Graduada em Licenciatura em História pela Universidade Estadual da Feira de Santana (UEFS) em 2006. Bolsista do Programa Internacional de Bolsas de Pós-Graduação da Fundação Ford (IFP) – Turma 2008. Mestra em História Social pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) na área de História Social com trabalho intitulado, Mal ou bem procedidas: cotidiano e transgressão das regras sociais e jurídicas em Feira de Santana (1890-1920) em 2011. Pesquisadora visitante na Howard University entre agosto de 2017 e janeiro de 2018; Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) entre agosto de 2017 e janeiro de 2018. Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) entre 2015 e 2019. Doutora em História Social pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 2019 com pesquisa intitulada: Para serem donas de si: Mulheres negras lutando em família (Feira de Santana, Bahia, 1871-1888); Pós-Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História Social da Cultura da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO) com projeto intitulado: Violência sexual contra mulheres: escravizadas, libertas e livres, Bahia, 1871 a 1888; e Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) – desde 01 de dezembro de 2019. 

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Publicado

2021-07-31

Como Citar

Damasceno, K. T. (2021). Duas Marias lutando em família pelo direito de serem donas de si. Revista Crítica Histórica, 12(23), 110–129. https://doi.org/10.28998/rchv12n23.2021.0006

Edição

Seção

Dossiê Escravidão e Pós-Abolição no Brasil