O primeiro de todos os Sacramentos: compadrio e escravidão numa vila não exportadora (Castro, Capitania de São Paulo, c.1789-1836)

Autores

  • Vinícius Augusto Andrade de Assis

DOI:

https://doi.org/10.28998/rchv12n23.2021.0003

Resumo

A análise sistemática dos registros paroquiais de batismo permite um aprofundamento em questões sobre variáveis demográficas, a geografia política pelos padrinhos preferenciais, a condição jurídica ou qualidade social dos sujeitos registrados, as estratégias e as escolhas na relação de compadrio, de modo a reconhecer as dinâmicas e hierarquias numa sociedade escravista moldada nos valores do Antigo Regime. Nesse artigo, proponho discutir algumas questões sobre escravidão e hierarquia social a partir dos compadrios estabelecidos na vila de Castro, em princípios do século XIX. Para tanto, parto de uma amostra dos batismos de escravizados, focalizando o microscópio para as fazendas Jaguariaíva e Caxambu, pertencentes ao Coronel Luciano Carneiro Lobo e ao tropeiro Francisco Xavier da Silva. Paralelamente, manipulei listas nominativas de habitantes e maços de população.

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Biografia do Autor

Vinícius Augusto Andrade de Assis

Mestre em História Social pela Universidade Estadual de Londrina

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Publicado

2021-07-31

Como Citar

Assis, V. A. A. de. (2021). O primeiro de todos os Sacramentos: compadrio e escravidão numa vila não exportadora (Castro, Capitania de São Paulo, c.1789-1836). Revista Crítica Histórica, 12(23), 8–43. https://doi.org/10.28998/rchv12n23.2021.0003

Edição

Seção

Dossiê Escravidão e Pós-Abolição no Brasil