O prazer como um bem no De Voluptate de Lorenzo Valla

Autores

  • Ana Letícia Adami

DOI:

https://doi.org/10.28998/rchvl6n12.2015.0002

Resumo

O pensamento estoico que refloresceu no Renascimento teve na figura de Valla um perturbador antagonista. Aluno de reconhecidos apreciadores da escola, como o chanceler florentino Leonardo Bruni, Valla foi responsável por apresentar uma ideia não apenas original na crítica ao estoicismo, como para a refutação humanista ao ensino escolástico. A querela se refaz pela dramatização do confronto entre um estoico e um epicurista a respeito das causas do verdadeiro e do falso bem (summum bonum). A obra onde o humanista concebe o debate é o diálogo De Voluptate (Do Prazer, 1431). Embora se constitua como seu primeiro trabalho de fôlego, nele ele lança as premissas que o acompanharão nas obras posteriores, fazendo de sua obra um legado uno e orgânico. A questão primordial que aí nos apresenta é a da disjuntiva entre o bem e o prazer. O que acontece quando um ato deixa de ser bom? Pela tradição estoica, ele não pode coincidir com o bem, mesmo que satisfaça uma de nossas inclinações, como a fome e a sede, pois o bem só pode ser contemplado onde pouse a virtude. O problema abordado por Valla, porém, sugere outra questão: o que acontece quando o ato deixa de ser prazeroso? Tentarei mostrar brevemente alguns aspectos que permeiam o problema conforme tratado por Valla no De Voluptate.

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Referências

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Publicado

2015-12-01

Como Citar

Adami, A. L. (2015). O prazer como um bem no De Voluptate de Lorenzo Valla. Revista Crítica Histórica, 6(12). https://doi.org/10.28998/rchvl6n12.2015.0002

Edição

Seção

Dossiê Temático