O Bairro Getúlio Vargas, a remoção de moradias dos anos 1970 e a produção da desigualdade ambiental em Rio Grande-RS

Autores

  • Diego Mendes Cipriano
  • Carlos Roberto da Silva Machado

DOI:

https://doi.org/10.28998/rchvl6n12.2015.0012

Resumo

Neste artigo, analisamos a problemática das remoções de moradias do Bairro Getúlio Vargas entre os anos de 1971 e 1973, motivadas pela expansão das atividades portuárias na cidade do Rio Grande, tendo em vista compreender como os diferentes atores se pronunciaram sobre estes acontecimentos. Buscamos apreender as consequências imediatas deste processo aos moradores deslocados para novos ou recém-criados bairros da cidade. Evidenciamos que a remoção das moradias do BGV no início da década de 1970 consistiu num processo marcado por contradições que configurou um cenário de segregação espacial, desenraizamento cultural e precarização das condições socioambientais daqueles moradores. Assim, apontamos para uma mudança na forma com que os educadores e gestores ambientais poderão conceber e praticar futuros eventuais processos de remoção de casas em áreas portuárias, de modo a considerar os moradores como portadores do direito ao desfrute de seus territórios. Isto porque, à luz de uma Educação Ambiental crítica e transformadora, conceber e praticar a vida em seus diversos contextos socioambientais é o mesmo que garantir e respeitar o direito das populações desenvolverem livremente suas potencialidades numa perspectiva de participação e cidadania plena que contribua à emergência gradativa de um novo modelo de desenvolvimento includente, promotor da cidadania e da sustentabilidade às gerações atuais e futuras.

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Publicado

2015-12-01

Como Citar

Cipriano, D. M., & Machado, C. R. da S. (2015). O Bairro Getúlio Vargas, a remoção de moradias dos anos 1970 e a produção da desigualdade ambiental em Rio Grande-RS. Revista Crítica Histórica, 6(12). https://doi.org/10.28998/rchvl6n12.2015.0012