A construção do primeiro matadouro municipal de Diamantina: a civilização cria um beco sem saída?
DOI:
https://doi.org/10.28998/rchvl9n17.2018.0011Resumo
A modernização da cidade mineira de Diamantina, defendida por sua imprensa na virada dos séculos XIX/XX, implicou um controle do espaço urbano de modo a rechaçar a vida animal não-humana de sua paisagem. Ao mesmo tempo, tal imperativo ativava uma recusa à matança cometida contra esses animais na cidade. Tal medida culminou, entre outras coisas, na construção do Matadouro Municipal. Este artigo analisa o significado desta construção no âmbito dessa dupla recusa, compreendendo-a como chave decodificadora do sentido do processo civilizatório histórico, em especial no que tange à ambivalência desta civilização como palco para sonhos de uma libertação inédita e ao mesmo tempo para novos pesadelos.
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