A construção do primeiro matadouro municipal de Diamantina: a civilização cria um beco sem saída?

Autores

  • Gustavo Leandro "Nassar" Gouvêa Lopes

DOI:

https://doi.org/10.28998/rchvl9n17.2018.0011

Resumo

A modernização da cidade mineira de Diamantina, defendida por sua imprensa na virada dos séculos XIX/XX, implicou um controle do espaço urbano de modo a rechaçar a vida animal não-humana de sua paisagem. Ao mesmo tempo, tal imperativo ativava uma recusa à matança cometida contra esses animais na cidade. Tal medida culminou, entre outras coisas, na construção do Matadouro Municipal. Este artigo analisa o significado desta construção no âmbito dessa dupla recusa, compreendendo-a como chave decodificadora do sentido do processo civilizatório histórico, em especial no que tange à ambivalência desta civilização como palco para sonhos de uma libertação inédita e ao mesmo tempo para novos pesadelos.

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Biografia do Autor

Gustavo Leandro "Nassar" Gouvêa Lopes

Graduado pela UFOP em história. Ano de 2005. Em 2016 defendi meu mestrado interdisciplinar em ciências humanas pela UFVJM, orientado pelo prof dr. Rogerio Pereira de Arruda.

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Publicado

2018-07-18

Como Citar

Gouvêa Lopes, G. L. "Nassar". (2018). A construção do primeiro matadouro municipal de Diamantina: a civilização cria um beco sem saída?. Revista Crítica Histórica, 9(17), 203–239. https://doi.org/10.28998/rchvl9n17.2018.0011