Narrativas sobre um território mestiço: a mestiçagem brasileira na ótica de três estrangeiros no século XIX (Saint-Hilaire, Louis Agassiz e Louis Couty)
DOI:
https://doi.org/10.28998/rchvl10n20.2019.0011Resumo
Durante o século XIX, vários estrangeiros percorreram o Brasil com objetivos diversos, que iam desde missões diplomáticas a expedições científicas que buscavam reconhecer a diversidade biológica e geográfica da região. Nestas excursões, os viajantes também faziam descrições sobre as populações que encontravam pelo caminho e desenvolviam teses sobre as potencialidades de desenvolvimento ou não de um território miscigenado e com um número considerável de negros. Assim, nosso artigo analisa as representações sobre o mestiço e sobre a mestiçagem nos relatos de viagem e nas observações de três estrangeiros que estiveram no Brasil em momentos diferentes dos oitocentos: Auguste de Saint-Hilaire, Louis Agassiz e Louis Couty. Defendemos que as narrativas estrangeiras sobre a mescla racial e sobre as consequências destas misturas para o Brasil sofreram poucas alterações ao longo do período analisado, uma vez que eram movidas fundamentalmente pelo racialismo europeu predominante nas ciências daquele século.
Downloads
Referências
AGASSIZ, Elizabeth; AGASSIZ, Louis. Viagem ao Brasil: 1865-1866. Belo Horizonte: Itatiai, 1975.
ALONSO, Ângela. Idéias em Movimento: A geração 1870 na crise do Brasil-Império. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
COUTY, Louis. O Brasil em 1884, esboços sociológicos. Brasília: Senado Federal, 1984.
COUTY, Louis. A escravidão no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1988.
LEIRIS, Michel. Raça e civilização. IN: UNESCO. Raça e ciência. São Paulo: Perspectiva, 1970.
MARTIUS, Karl von. Como se deve escrever a história do Brasil. Revista do IHGB. Rio de Janeiro, vol. 24, 1845.
NAXARA, Márcia Regina Capelari. Cientificismo e sensibilidade romântica: em busca de um sentido explicativo para o Brasil no século XIX. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2004.
PAIVA, Eduardo França. Escravidão e universo cultural na colônia: Minas Gerais, 1716-1789. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001.
PAIVA, Eduardo França. Apresentação. Varia História. Belo Horizonte, vol. 25, n. 41, p. 09-16, 2009.
POLIAKOV, Léon. O mito ariano: ensaio sobre as fontes do racismo e dos nacionalismos. São Paulo: Perspectiva, Ed. da Universidade de São Paulo, 1974.
RAMOS, Jair de Souza; MAIO, Marcos Chor. Entre a riqueza natural, a pobreza humana e os imperativos da civilização, inventa-se a investigação do povo brasileiro. IN: MAIO, Marcos Chor; SANTOS, Ricardo Ventura (Orgs.). Raça como questão: história, ciência e identidades no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2010.
SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem às nascentes do Rio São Francisco e pela província de Goiás. 2º Volume. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1937.
SAINT-HILAIRE, Auguste de. Segunda viagem a São Paulo [Quadro histórico da Província de São Paulo]. Brasília: Senado Federal, 2002.
SANTOS, Cláudia. Narrativas de viagem e escrita da História: os franceses no processo abolicionista brasileiro (1850-1899). Rio de Janeiro: 7 Letras, 2013.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil (1870-1930). São Paulo: Cia. Das Letras, 1993.
SKIDMORE, Thomas E.. Preto no branco: raça e nacionalidade no pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1976.
TODOROV, Tzvetan. Nós e os outros: a reflexão francesa sobre a diversidade humana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
VENTURA, Roberto. Estilo tropical: História Cultural e polêmicas literárias no Brasil (1870-1914). São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença
https://creativecommons.org/licenses/by-nc/2.0/br/
Os autores detém os direitos autorais sem restrições, devendo informar a publicação inicial nesta revista, em caso de nova publicação de algum trabalho.
