Gênero, trabalho e raça: um tripé insidioso de uma precarização histórica
DOI:
https://doi.org/10.28998/rchv10n09.2019.0005Resumo
A proposta deste artigo é possibilitar uma reflexão sobre a subordinação da questão de gênero ao mundo “masculino” do trabalho. Evocar os pressupostos de um ideal de sociedade que alcançaria a modernidade através da industrialização – um território reconhecidamente masculino -, que disseminou e intensificou as imagens sobre o trabalho feminino como algo “menor” e/ou negligenciada na produção do capital, nos permitirá o trânsito pelas fronteiras de uma desigualdade que não passou incólume ao longo da história às categorias coextensivas de gênero, raça e classe social na composição da divisão social (sexual) da vida humana. Resgatar e inferir sobre a presença das mulheres em suas especificidades neste processo de produção e reprodução do capital é fundamental para entendermos as metamorfoses do próprio capital como algo cíclico, sexista e racista.Downloads
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