INTERCULTURALIDADE COMO ESTRATÉGIA DA EDUCACÃO ESCOLAR QUILOMBOLA NO SERTÃO ALAGOANO

INTERCULTURALITY AS A STRATEGY FOR QUILOMBOLA SCHOOL EDUCATION IN THE ALAGOAS HINTERLAND

Resumo

Este artigo tem como objetivo refletir sobre a importância da discussão da interculturalidade como alternativa paradidática para fomentar uma Educação Escolar Quilombola no Semiárido de Alagoas.  O recorte deste estudo teve como base a vigência do projeto de extensão “Um estudo sobre a fronteira intercultural de remanescentes quilombolas em Santana do Ipanema - Alagoas”, projeto vinculado ao Programa de Formação em Ações de Extensão da Universidade Federal de Alagoas (PROFAEX-UFAL). Dentre as atividades programadas, fez-se necessário um levantamento de fontes históricas e documentais que tratassem da presença da população negra no território do estudo. Destacamos a relevância de uma obra de dimensões modestas, porém substanciais, que versa sobre a presença afrodiaspórica no município de Santana do Ipanema. O referido livro de cunho paradidático, redigido por três autores nativos desse município em particular (Chagas, Fausto e Neto, 2012), propõe a hipótese de uma conexão entre a comunidade negra em Santana e os quilombolas originários da Serra da Barriga, fundamentando-se em um documento datado de 1771. Contudo, em uma análise crítica da obra, desprovida de intenções de preciosismo, observam-se episódios narrados em que os autores empregam, de forma equivocada, expressões com conotações raciais questionáveis, ao comentarem eventos e personalidades negras em Santana. Nossa crítica repousa na utilização inadvertida de caracterizações que poderiam ser interpretadas como um racismo velado, denotando a necessidade de romper com este saber colonialista a partir do letramento racial por parte dos leitores, autores e, por extensão, das comunidades em questão.