Para uma abordagem rítmica da sétima arte: aspectos não-narrativos unem a literatura ao cinema
Abstract
O único plano do filme de Georges Méliès, Le mélomane (1903), muito se assemelha a uma ilustração encomendada por Guimarães Rosa a Poty, um “desenho cabalístico”, que o escritor usaria nas orelhas da segunda edição de Grande sertão: veredas. Este artigo propõe uma transposição da teoria da tradução articulada pelos poetas concretistas para a interface entre a literatura e o cinema. Ao aproximar a imagem do filme de Méliès da ilustração de Poty para o Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, este artigo investiga a relação entre a literatura e o cinema e percebe que o encontro entre os dois sistemas semióticos antecede o surgimento do cinema narrativo.