Ainda há espaço para o aumento da concessão de crédito às famílias no Brasil?
DOI:
https://doi.org/10.28998/2594-598X.2024v15n33p03-26Palavras-chave:
Fragilidade financeira das famílias, Crédito à pessoa física, PandemiaResumo
Este artigo enfoca a aceleração da concessão de crédito às famílias brasileiras desde a irrupção da Pandemia. A hipótese de trabalho é o crédito desempenhou crescentemente um papel de sustentar (a) o padrão de vida de famílias que perderam renda, (b) o nível de consumo e demanda agregados, e (c) o lucro dos bancos. Não obstante, o aumento da fragilização financeira das famílias, medido pelo aumento do endividamento, pelo aumento do comprometimento da renda com o serviço da dívida e pelo aumento da inadimplência, representa mais riscos para os bancos, que, por essa razão, são levados a ajustar sua estratégia. Isso explica o aumento dos spreads e a desaceleração na oferta de novos empréstimos às famílias. Considerando a importância do crédito às pessoas físicas, o artigo conclui que haverá desdobramentos econômicos e sociais negativos, a menos que os empregos e a renda das famílias se eleve, tornando urgente a implementação de políticas que os contenham.
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