DO COLONIALISMO PORTUGUÊS AOS GRILEIROS LOCAIS: A LUTA DO POVO PIPIPÃ PELA DEMARCAÇÃO DO TERRITÓRIO

Autores

  • Luiz Carlos Barbosa de Sá Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Resumo

Neste artigo propomos historicizar as perseguições que culminaram na perda do território sagrado do povo Pipipã, da violência dos colonizadores que usurpavam as terras indígenas para a criação de gado, da resistência que os levou à condição de bárbaros, aos aldeamentos que provocavam deslocamentos forçados dos territórios (DANTAS, 2015; (GONSALVES, 2019). Além da contribuição de historiadores locais que pesquisam a genealogia do município de Floresta, no Sertão de Pernambuco, sede do povo Pipipã. As discussões são ancoradas em conceitos como etnogênese (BARTOLOMÉ, 2006) e interculturalidade crítica (WALSH, 2012) sobre igualdade de direitos territoriais e culturais negados. Neste contexto, a construção um currículo intercultural, voltado para a educação escolar dos povos indígenas surge como uma ferramenta epistêmica neste processo de luta pela demarcação do território, tomado violentamente pelos colonizadores e mais recentemente pelos fazendeiros locais, ou grileiros.

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Publicado

2021-03-02