NA GINGA DO TEMPO, AS LUTAS: CAPOEIRA E INDENTIDADES SOCIAIS.
Abstract
O presente artigo analisa disputas históricas em torno da capoeira enquanto um ícone de identidades sociais. Ao longo do tempo os discursos produzidos por capoeiristas e pelo Estado brasileiro produziram sentidos e interesses políticos, econômicos e socioculturais nos quais a perspectiva racial foi uma mediadora fundamental. Isso se deu também durante o processo de registro da capoeira como patrimônio cultural imaterial brasileiro. Apoiamo-nos na história social da capoeira e em discussões sobre cultura e poder em perspectiva racial. Como fontes utilizamos o inventário da capoeira; o parecer técnico e a certidão de titulação. Ambos disponibilizados na plataforma digital do IPHAN. Apoiamo-nos na metodologia da análise do discurso conforme Eni Orlandi (1999; 2001), a qual nos ajudou a perceber as múltiplas disputas de interesses e poder imersos nesse processo histórico.
Downloads
References
ADINOLFI, Maria Paula Fernandes. 2008. Parecer n° 031/08, sobre o registro da Capoeira como Patrimônio Cultural do Brasil. Brasília, IPHAN. Consultado em 16-04-2019. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/66.
ADINOLFI, Maria Paula Fernandes. 2018. A Salvaguarda da capoeira na Bahia: processo de construção de uma política pública. Revista Íbamò. Rio de Janeiro, vol. 01, n. 01, p. 34-60.
ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig. 2012. Ringue ou academia? a emergência dos estilos modernos da capoeira e seu contexto global. Reino Unido, University of Essex.
BESOURO. 2009. Direção de João Daniel Tikhormiroff. [s/l]: Globo Filmes; Mixer, TeleimageSee More. (1h 34min).
BRASIL. Código Penal da República dos Estados Unidos do Brasil-1890. Capítulo XIII – Dos vadios e Capoeiras. Consultado em 20-06-2019. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-847-11-outubro-1890-503086-publicacaooriginal-1-pe.html.
BRASIL. Constituição Federal (1988). Consultado em 08-07-2019. Disponível em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/art_216_.asp.
BRASIL. Decreto nº 3.551, de 04 de agosto de 2000. Institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro, cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial e dá outras providências. Consultado em 08-07-2019. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3551.htm.
BRASIL. Ministério da Cultura. 2004, Discurso em ocasião da homenagem ao embaixador morto em atentado. Genebra, Suíça. Consultado em 16-04-2019. Disponível em: http://abadacapoeiraentornogo.blogspot.com/2010/12/discurso-de-gilberto-gil-na-onu.html.
CAMPOS, Hélio. 2009. Capoeira Regional: a escola de Mestre Bimba. Salvador, EDUFBA.
CARVALHO, José Murilo de. 1987. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo, Companhia das Letras.
CASTRO, Maurício Barros de. 2007. Na roda do mundo: Mestre João Grande entre a Bahia e Nova York. Tese (Doutorado em História), Programa de Pós-Graduação em História, Universidade de São Paulo, São Paulo.
CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros de Castro; FONSECA, Maria Cecília Londres. 2008. Patrimônio Imaterial no Brasil: legislação e Políticas Estaduais. Brasília, UNESCO, Educarte.
CHARTIER, Roger. 1990. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa, Difel.
CID, Gabriel da Silva Vidal. 2016. A memória como projeto: tensões e limites da patrimonialização da capoeira. Tese (Doutorado em Sociologia), Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Instituto de Estudos Sociais e Políticos, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
CID, Gabriel da Silva Vidal; CASTRO, Mauricio Barros de. 2013. Processos de patrimonialização e internacionalização: algumas reflexões iniciais sobre o caso da capoeira entre o nacional e o global. Seminário Internacional-Políticas Culturais, 4, Rio de Janeiro. Consultado em: 05-08-2019. Disponível em: http://culturadigital.br/politicaculturalcasaderuibarbosa/files/2013/11/Gabriel-da-Silva-Vidal-Cid-et-alii-.pdf.
GOMES, Gustavo Manoel da Silva. A Cultura Afro-Brasileira como Discursividade: histórias e poderes de um conceito. 2013. Dissertação (Mestrado em História Social da Cultura Regional), Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife.
IORIO, Laércio Schwantes; DARIO, Suraya Cristina. 2005. Educação Física, Capoeira e Educação Física: possíveis relações. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 04, n. 04.
IPHAN. 2007. Inventário para registro e salvaguarda da capoeira como patrimônio cultural do Brasil. Brasília. Consultado em 16-04-2019. Disponível em http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/66.
IPHAN. 2008. Certidão de registro. Brasília. Consultado em 16-04-2019. Documento disponível em http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/certidao_roda_de_capoeira.pdf.
IPHAN. 2010. I Reunião de Avaliação da Salvaguarda de Bens Registrados. Consultado em 16-04-2019. Documento disponível em http://portal.iphan.gov.br/ma/pagina/detalhes/547
IPHAN. Apoio e fomento de bens culturais. Consultado em 27-07-2019. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/234.
IPHAN. Patrimônio Imaterial. Consultado em 27-07-2019. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/234.
IPHAN. Roda de Capoeira. Consultado em 15-06-2019. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/66.
MESTRE BIMBA: CAPOEIRA ILUMINADA. 2007. Direção de Luiz Fernando Goulart. [s/l]: Lumen Produções. (1h 17min.). Consultado em 19-07-2019. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=G8Tn4Ls_TYI.
NETO, José Olímpio Ferreira; FILHO, Humberto Cunha. 2013. Capoeira, Patrimônio Cultural imaterial: Críticas e reflexões. Políticas Culturais em Revista, Salvador, v. 06, n. 01.
OLIVEIRA, Josivaldo Pires de; LEAL, Luiz Augusto Pinheiro. 2009. Capoeira, identidade e gênero: ensaios sobre a história social da capoeira no Brasil. Salvador, EDUFBA.
ORLANDI, Eni Pulcinelli. 1999. Análise do discurso: princípios e procedimentos. Campinas, Pontes.
ORLANDI, Eni Pulcinelli. 2001. Discurso fundador: a formação do país e a construção da identidade nacional. Campinas, Pontes.
PASTINHA, Mestre. 1984. Capoeira Angola. Salvador, Fundação Cultural do Estado da Bahia.
QUEIROZ, Martha Rosa Figueira. 2014. Ações afirmativas no âmbito da política cultural: algumas possibilidades de ação. In: SILVA, Cidinha da (Org). Africanidade e Relações Raciais: insumos para políticas públicas na área do livro, leitura, literatura e bibliotecas no Brasil. Brasília, Fundação Cultural Palmares.
QUEM SABE RESPONDER - Ladainha do Grupo Abadá Capoeira. Consultado em 15-06-2019. Disponível em: https://www.vagalume.com.br/abada-capoeira/quem-sabe-responder.html.
RÊGO, Waldeloir. 1968. Capoeira Angola: ensaio sócio-etnográfico. Salvador, Itapoã.
SANTOS, Jocélio Teles dos. 2005. O poder da cultura e a cultura no poder: a disputa simbólica da herança cultural negra no Brasil. Salvador, EDUFBA.
SILVA, Jorge Silveira. SANTOS, Júlio Ricardo Quevedo dos. MILDER, Saul Eduardo Seiguer. 2014. A prática da capoeira enquanto patrimônio cultural: trajetórias afrodescendentes e multiculturais no Brasil. Estudos Históricos, Uruguai, v. 04, n. 12.
SOARES, Carlos Eugênio LíbanO. 1999. A negrada instituição: os capoeiras na corte imperial (1850-1890). Rio de Janeiro, Access.
VASSALO, Simone Ponde. 2008. O Registro da capoeira como patrimônio imaterial: novos desafios simbólicos e políticos. Encontro Anual da ANPOCS, 32, Caxambu-MG. Consultado em 08-07-2019. Disponível em: https://www.anpocs.com/index.php/papers-32-encontro/gt-27/gt29-8/2581-simonevassalo-a-capoeira/file.
VIDOR, Elisabeth; REIS, Letícia Vidor de Sousa. 2013. Capoeira: uma herança cultural afro-brasileira. São Paulo, Selo Negro.
WILLIAN, Rodney. 2019. Apropriação Cultural. São Paulo: Pólen.