A MULHER TUPINAMBÁ: UMA ABORDAGEM CRÍTICA SOBRE A A PRESENÇA FEMININA INDÍGENA EM JEAN DE LERY E HANS STADEN
Resumo
As expressões socioculturais de grupos ameríndios habitantes do Brasil seiscentista podem ser observadas a partir de leituras em fontes coloniais deixadas pelos diferentes viajantes que chegaram ao território no século XVI. Contudo, é importante considerar as contradições presentes nestes materiais, posto que são resultados das experiências pessoais de seus autores, os quais descreveram a sociedade indígena sob a influência do paradigma teológico-europeu. Ademais, ao nos debruçarmos sobre as fontes, observamos a heterogeneidade dos viajantes, os quais pertenciam a classes sociais variadas, possuíam formação intelectual e profissional diversas e desempenharam suas viagens por motivos distintos. Além disso, mesmo com as narrativas sendo mediadas pela tradição cristã, algo característico do período na Europa, até nisso distinguiam-se. Nesse texto, buscamos fazer uma análise crítica sobre o lugar ocupado pela mulher Tupinambá nas narrativas de dois viajantes no Brasil do século XVI: Jean de Léry e Hans Staden. A partir da leitura desses cronistas, a pesquisa intenciona pensar a presença feminina indígena por meio de uma abordagem que considera sua ação protagonista. A metodologia empregada é fruto de pesquisa bibliográfica e dialoga, sobretudo, com autores dos campos da História e da Antropologia.
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