CHÃO SEM GENTE, CÉU SEM PIPAS
A IMAGEM-MEMÓRIA DA PAISAGEM URBANA NO CONTEXTO PANDÊMICO
Résumé
As paisagens urbanas sofrem alterações constantes, as quais, ora marcam o imaginário coletivo, ora se camuflam no fluxo do tempo, tornando-se muitas vezes imperceptíveis. Nesse sentido, o presente artigo consiste em um esforço de entendimento acerca do contexto provocado pela Covid-19 e em um registro de seu impacto nas impressões e lembranças que passaram a configurar a imagem paisagística das cidades. Considerando as restrições de circulação social durante o auge da pandemia, adotou-se como parâmetro metodológico de investigação um embate entre revisão de literatura e aplicação de questionário online para coletar e aproximar dados oriundos do cenário de nove capitais do Nordeste brasileiro. Através do tratamento de dados qualitativos e quantitativos, a catalogação de uma amostragem geral de 100 respostas buscou identificar como os entrevistados perceberam uma paisagem bastante circunstanciada. Os resultados, também formatados na linguagem de fotomontagens, indicaram que alguns termos se tornaram corriqueiros na vivência das pessoas nas cidades, insinuando a presença de uma determinada imagem de memória urbana, por exemplo, “silenciosa” e “melancólica”, especialmente no período mais crítico de restrições (abril a junho 2020). Assim, através da interpretação da percepção de “outros”, foi possível demonstrar que, além de aspectos tangíveis de apreensão da paisagem urbana, aspectos intangíveis de sua compreensão foram, da mesma forma, impactados, o que nos motiva a reafirmar a definição do espaço habitado como uma imagem construída coletivamente e mediada, sobretudo, pela subjetividade.