“DIÁRIO DE UM DETENTO”
RELAÇÕES RACIAIS E ESPAÇO URBANO
Résumé
O presente artigo tem como intenção refletir sobre as relações raciais dentro do espaço público urbano a partir do papel do campo de estudos da Arquitetura e Urbanismo. É fruto de reflexões de um Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo em Maceió, Alagoas. A metodologia parte da provocação de algumas músicas do álbum “Sobrevivendo no Inferno” dos Racionais MC’s e do conceito de epistemicídio de Sueli Carneiro, associadas a relatos pessoais sobre o fardo de ser um intelectual negro nos espaços de ensino superior, junto ainda de uma revisão e crítica bibliográfica de autores/as brancos a partir de autores/as negros/as/es. Concluímos que existem padrões no modo de fazer e pensar a cidade na Arquitetura e Urbanismo que colocam a população negra em um constante lugar de subalternidade, herdadas de uma história colonial. Portanto, repensar o que está posto neste campo, de conceitos à práticas, via racialidade é um dever. Isso esbarra entretanto na invalidação de conhecimentos raciais ou objetificação de corpos negros por pesquisadores brancos, que ainda são maioria estrutural nas academias. Além disso, para intelectuais negros/as/es, esse dever tem diferentes pesos, pois também fala sobre adentrar e refletir sobre episódios de dor, a sobrecarga de estudos sobre raça, e a falta de referências fundantes nos currículos dos cursos de Arquitetura e Urbanismo. Ressaltamos ainda a importância de reconhecer a potência do compartilhamento com outros pesquisadores/as negros/as/es para o acolhimento e validação nos processos de pensar e produzir conhecimento.