No. 11 (2021): Cidades saudáveis: urgências, perspectivas e enfrentamentos.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a saúde como "um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades". A Constituição brasileira de 1988, à semelhança deste entendimento, considera a saúde como qualidade de vida e acrescenta que é direito de todos(as) e dever do Estado. A cidade pulsa em um compasso descompassado quanto ao bem-estar do seu ambiente natural, físico e social. Enxerga-se hoje, mais do que nunca, a importância da valorização da saúde de uma maneira mais ampla, levando em consideração também aspectos culturais, políticos, econômicos e humanos.
Considerando o contexto urbano, em todos os continentes, percebe-se evidências de que as cidades estão muito longe de serem ditas saudáveis. A (re)produção de estruturas históricas nocivas afetam negativamente o modo de ocupar e experienciar a vida urbana. Governos de diversas nações no mundo se aliaram na criação de ferramentas e políticas de desenvolvimento urbano sustentáveis em busca do bem-estar mais plural para as pessoas. Como exemplos, podemos citar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), formulados em 2015, e o documento da Nova Agenda Urbana (2016), ambos capitaneados pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Mas, ainda com tais propostas, os problemas urbanos estão presentes e cada vez mais intensos. A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) é um agravante que nos colocou em alerta quanto ao nosso papel individual e coletivo diante da sociedade. Sabendo que as cidades se configuram a partir de agrupamentos, formando densidades de setores econômicos, políticos, sociais e ambientais, como encontrar novas configurações que sejam diversas, sustentáveis, estimulem e permitam as relações interpessoais? Como pensar as mudanças em suas diferentes escalas e particularidades?
Estudos em Arquitetura, Urbanismo e áreas afins evidenciam os problemas que já faziam parte do contexto das discussões sobre as cidades, agora ampliados pelas novas necessidades de uma outra forma de habitar - no espaço público e privado - das relações sociais em casa, na rua, no trabalho ou no lazer. Inquietações sobre a importância do senso de coletividade e do papel político de cada pessoa na produção e reprodução do espaço habitado estão na ordem do dia.
Destacam-se as URGÊNCIAS de discutir sobre a qualidade dos espaços públicos da cidade e a qualidade de vida de seus habitantes, reavaliando também a relação da natureza com a sociedade, e do ser humano com as suas formas de habitar. Imaginar cenários de um viver durante e pós mundo pandêmico com possibilidades de uma qualidade de vida maior e melhor passa por arquitetas(os), urbanistas e uma grande variedade de profissionais que se dedicam e se debruçam sobre o pensar e fazer cidades.
É preciso criar PERSPECTIVAS, por meio não só de políticas públicas e dos saberes acadêmicos, mas também de possibilidades integrativas entre todos(as) os(as) agentes da sociedade. Refletir sobre quais os ENFRENTAMENTOS para transformar a realidade em um contexto de esfacelamento da racionalidade e um forte controle de narrativa por setores conservadores e negacionistas onde, infelizmente neste cenário, se distancia do objetivo de uma sustentabilidade urbana.
A 11ª edição da Revista Ímpeto, promovida pelo PET Arquitetura da FAU/Ufal, trazem o tema “Cidades saudáveis: urgências, perspectivas e enfrentamentos” com o intuito de discutir e refletir acerca dos desafios e complexidades existentes para a promoção de saúde e bem-estar nas cidades, além de apresentar e compartilhar experiências positivas frente ao papel político da Arquitetura, Urbanismo e áreas afins neste debate.