Como era Gostoso ser Escravo no Brasil: A Apologia da Servidão Voluntária de Kátia de Queirós Mattoso

Autores

  • Mário Maestri

DOI:

https://doi.org/10.28998/rchvl6n12.2015.0010

Resumo

Traduzido ao português, em 1982, Ser escravo no Brasil, de Kátia de Queirós Mattoso, apresentou síntese da escravidão no Brasil, do aprisionamento do cativo na África até sua eventual libertação, no Brasil, pela alforria e pela Abolição. Seguindo as grandes teses de Gilberto Freyre, de 1933-36, o livro restringiu a resistência ao cativo incapaz de adaptar-se à sociedade brasileira paternalista, que lhe prometia mesa farta, pouco trabalho e raramente castigo. O trabalho deslocava a resistência-oposição pela integração consensual entre exploradores e explorados que teria garantido a paz social no país. O presente artigo ensaia crítica geral sumária a esse trabalho clássico, de ampla influência em nossa historiografia especializada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 2001.

ALGRANTI, Leila Mezan. O feitor ausente. Estudo sobre a escravidão urbana no Rio de Janeiro. Petrópolis: Vozes, 1988.

ARMEILIN, Bruno. (Org.) La condizione dello schiavo. Autobiografie degli schiavi neri negli Stati Uniti. Torino: Einaudi, 1975.

BARBOSA, Rui. Parecer no 48-A de […] sobre o Projeto no 48. In: A abolição no parlamento : 65 anos de luta, (1823-1888) 2. ed. Brasília : Senado Federal, 2012. 2 vol. p. 47.

BARNET, Miguel. Esclave à Cuba: Biographie d’un ‘cimarron’ du colonialisme à l’indépendance. Paris: Gallimard, 1967. pp. 45 et seq. [Memória de um cimarrón. São Paulo: Marco Zero, 1986.]

BRAZIL, Maria do Carmo. Sonhos de liberdade. A escravidão e o fenômeno das fugas além-fronteiras em Mato Grosso colonial. Revista História & Luta de Classes, 3, nov. 2006. pp.33-42;

BRITO, J. Lima. A abolição na Bahia. (1870-1888). Salvador: CEB, 2008.

CALDEIRA, Arlindo Manuel. Escravos e traficantes no Império português: o comércio negreiro português no Atlântico durante os séculos XV a XIX. Lisboa: Esfera dos Livros, 2012.

CANOT, Teodoro. (Conneau). Memórias de un tratante de esclavos. Buenos Aires, Cronos, 1947. [1854].

CARDOSO, Ciro Flamarión S. El modo de producción esclavista colonial en América. Assadourian et al. Modos de producción en América Latina. Buenos Aires: Siglo XXI, 1973.

CHAVES, Antonio José Gonçalves. Memórias ecônomo-políticas sobre a administração pública do Brasil. 4 ed. São Leopoldo: Unisinos, 2004.

CONRAD, Robert. Os últimos anos da escravatura no Brasil. (1885-1888). Rio de Janeiro: Brasília, INL, 1975.

CONRAD, Robert Edgar. Tumbeiros: o tráfico escravista para o Brasil São Paulo: Brasiliense, 1985.

COSTA, Emilia Viotti da. Da senzala à colônia. São Paulo: Ciências Humanas, 1982.

COSTA, Emília Viotti da. A abolição. 8. ed. rev. Ampliada. São Paulo: Ed UNESP, 2008

DEAN, Warren. Rio Claro: um sistema brasileiro de grande lavoura. 1820-1920. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.

DEBRET, J. Baptiste. Viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Belo Horizonte, Itatiaia; São Paulo, EDUSP, 1970.

DUARTE, José Rodrigues de Lima. Ensayo sobre a hygiene da escravatura no Brasil. Rio de Janeiro: Laemmaert, 1849.

ELTIS, David. The rise of african slavery in the Americas. New York: Cambridge University Press, 2000.

FREITAS, Décio. Os guerrilheiros do Imperador. Rio de Janeiro: Graal, 1978.

FREITAS, Décio. Escravidão de índios e negros no Brasil. Porto Alegre: EST/ICP, 1980.

FREYRE,Gilberto.Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sobre [sic] o regime da economia patriarcal. 47. ed. rev. São Paulo: Global, 2003 [1 ed. 1933].

FREYRE, Gilberto. Sobrados e mucambos: a continuação de Casa Grande & Senzala. 9 ed. Rio de Janeiro: Record, 1996. 758 pp. [1 ed. 1936].

GOMES, F. dos Santos. Histórias de Quilombolas: Mocambos e comunidades de senzalas no Rio de Janeiro: séc. XIX. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1995.

GOMES, Flávio. Mocambos de palmares: histórias e fontes, séc. XVI-XIX. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2010.

GASTON, Martin. Histoire de l'esclavage dans les colonies françaises. Brionne: Gêrard Monfort, 1948.

GORENDER, Jacob. O escravismo colonial. 5 ed. São Paulo: Perseu Abramo, 2013. [1 ed. 1978].

GORENDER, Jacob. A escravidão reabilitada. São Paulo: Ática, 1990.

GOMES, Flávio. Mocambos de Palmares: histórias e fontes, séc. XVI-XIX. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2010.

GOULART, José Alípio. Da palmatória ao patíbulo. Rio de Janeiro: Conquista; INL, 1971.

GUTIERREZ, Ester J. B. Negros, charqueadas e olarias: um estudo sobre o espaço pelotense. 2 ed. Passo Fundo: UPF Editor, 2011.

KARASCH, Mary C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1080-1850). São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

LIMA, Solimar Oliveira. Triste pampa: resistência e punição de escravos em fontes jurídicas no RS/1818 - 1833. Porto Alegre: IEL: EDIPUCRS, 1997.

LUCCOCK, John. Notas sobre o Rio de Janeiro. E partes meridionais do Brasil. Belo Horizonte, Itatiaia; São Paulo, EDUSP, 1975.

MARCHANT, Alexander. Do escambo à escravidão: as relações econômicas de portugueses e índios na colonização do Brasil, 1500-1580. 2 ed. São Paulo: Nacional, 1980.

MARQUES, João Pedro. Os sons do silêncio: o Portugal de oitocentos e a abolição do tráfico de escravos. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 1999.

MANNIX, D. P & COWLEY, M. História de la trata de negros. 2 ed. Madrid: Alianza, 1970.

MAESTRI, Mário . Schiavitù coloniale e lotta di classe. Quaderni di Storia (Bari), Itália, Bari, v. 1, n.1, p. 115-123, 1987.

MAESTRI, Mário. Servidão negra. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988.

MAESTRI, Mário . Lo schiavo coloniale: lavoro e resistenza nel Brasile schiavista. 1. ed. Palermo: Sellerio, 1989.

MAESTRI, Mário. L’esclavage au Brésil. Paris: Karthala, 1991.

MAESTRI, Mário. Pampa negro: quilombos no Rio Grande do Sul. REIS, João José & GOMES, Flavio dos Santos. Liberdade por um fio: História dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

MAESTRI, Mário. O sobrado e o cativo: a arquitetura urbana no Brasil escravista. Passo Fundo: UPF Editora, 2001.

MAESTRI, Mário. Benjamin Péret: um olhar heterodoxo sobre Palmares. In: MAESTRI, Mário; PONGE, Robert. (Org.). O quilombo dos Palmares. 1ed.Porto Alegre: EdiUFRGS, 2002, v. 1, p. 47-74.

MAESTRI, Mário. MAESTRI, Mário. Gilberto Freyre: da Casa-Grande ao Sobrado: gênese e dissolução do patriarcalismo escravista no Brasil. Cadernos IHU, ano 2, n. 6, 2004, Instituto Humanitas Unisinos, Unisinos, São Leopoldo. p. 17 [http://www.ihu.unisinos.br/cadernosihu?start=30]

MAESTRI, Mário. Catando Cipo. O cativo fujão no Brasil escravista: história e representações. Revista História & Luta de Classes, 3, nov. 2006. pp. 19-32.

MAESTRI, Mário. O cativo, o gaúcho e o peão: considerações sobre a fazenda pastoril riograndense (1680-1964). In: MAESTRI, Mário; SANTOS, J.R.Q. dos; ESSELIN, Paulo. (Org.). Peões, vaqueiros & cativos campeiros: estudos sobre a economia pastoril no Brasil. Passo

Fundo: UPF Editora, 2010, v. 2, pp. 212-300.

MAESTRI, Mário. Os senhores do litoral: conquista portuguesa e genocídio tupinambá no litoral brasileiro. século 16. 3 ed. Porto Alegre: UFRGS, 2013.

MATTOSO, Kátia de Queirós. Ser escravo no Brasil. Pref. C. F. Cardoso. São Paulo: Brasiliense, 1982.

MATTOSO, K. de Q. Être esclave au Brésil. XVIe.-XIXe. siècle. Paris: Hachette, 1979.

MENDES, Luiz António de Oliveira. Memória a respeito dos escravos e tráfico da escravatura entre a costa d'África e o Brazil. (1793). Porto: Escorpião, 1977.

MONTEIRO, John Manuel. Negros da terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

MOURA, Clóvis. Rebeliões da senzala: quilombos, insurreições, guerrilhas. São Paulo: Zumbi, 1959.

LOPEZ, Eduardo Ramon Palermo. Tierra escravizada: El Norte Uruguayo en la primeira mitad del siglo 19. Montevideo: TierraAdentro, 2013.

PARK, Mungo. Voyage dans l’interieur de l’Afrique. Paris : Maspero/La Découverte, 1980.

PETIZ, Silmei de Sant’ana. Buscando a liberdade: As fugas de escravos da província de São Paulo para o além-fronteiras (1815-1851). Passo Fundo: UPF, 2006.

PIÑEIRO, Théo Lobarinhas. Crise e resistência no escravismo colonial: os últimos anos da escravidão na província do Rio de Janeiro. Passo Fundo: UPF, 2002.

REDIKER, Marcus. O navio negreiro: uma história humana. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

RIBEIRO, Júlio. A carne. o. A carne. Rio de Janeiro: Império, sd..

RODRIGUES, Jaime. De costa a costa: escravos, marinheiros e intermediários do tráfico negreiro de Angola ao Rio de Janeiro (1780-1860). São Paulo: Companhia de Letras, 2005.

SAINT-HILAIRE, Auguste de. [1779-1853]. Viagem ao Rio Grande do Sul: 1820-21. Porto Alegre: Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EdiUSP, 1974.

SEIDIER, Carl. Dez anos no Brasil. 3 ed. São Paulo: Martins; Brasília, INL, 1976.

TAUNAY, Carlos Augusto. Manual do Agricultor Brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

VINCENT, Bernard. Amistad: les mutins de la liberté. Paris: l’Archipel, 1998.

ZANETTI, Valéria. Calabouço urbano: escravos e libertos em Porto Alegre (1840 – 1860). Passo Fundo: UPF, 2002.

VAINFAS, Ronaldo. A heresia dos índios: catolicismo e rebeldia no Brasil colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

WEECH, J. Friedrich Von. A agricultura e o comércio no sistema colonial [tradução Débora Bendocchi Alves; revisão da tradução Maria estela Heider Cavalheiro]. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

Downloads

Publicado

2015-12-01

Como Citar

Maestri, M. (2015). Como era Gostoso ser Escravo no Brasil: A Apologia da Servidão Voluntária de Kátia de Queirós Mattoso. Revista Crítica Histórica, 6(12). https://doi.org/10.28998/rchvl6n12.2015.0010