O Sonha da Metrópole Fin de Siècle em Vias de Definição: Ordem Social, Moral Pública e Mundo do Trabalho em Minas Gerais (1897-1920)
DOI:
https://doi.org/10.28998/rchvl2n05.2012.0008Abstract
A construção de Belo Horizonte entre 1895 e 1897 está inserida em um contexto histórico de transformações das instituições políticas, sociais e econômicas do estado de Minas Gerais. Decidir sobre a mudança da capital, proceder à escolha do local apropriado e forjar o projeto de construção motivaram as elites envolvidas neste processo a desejarem uma capital que brindasse a chegada da civilização e da racionalidade, da modernização e do progresso de Minas Gerais. Esse projeto, porém, haveria de se debater com uma realidade de conflitos e descontinuidades. O centro urbano tornou-se palco de uma trama de relações múltiplas de poder e propriedade, decisões político-administrativas e segregação social. Imigrantes e migrantes pobres se amontoavam pelas ruas da urbe a fim de se estabelecer, mas eram combatidos pelo poder público. Médicos sanitaristas, burocratas, engenheiros e policiais agiriam nessa direção. Neste artigo debruçamo-nos sobre a problemática construção da cidade de Belo Horizonte (1895-1897) e os primeiros anos de sua existência, enfocando especialmente a questão da habitação, da nova ética do trabalho e da moral pública forjadas na prática e no discurso. A partir de jornais e cartilhas da época, bem como de documentação oficial, estudamos o trabalho de engenheiros, sanitaristas e policiais, que, agindo a partir de novos pressupostos da ciência à época, vão se debater com a resistência de grupos cuja única forma de inserção e assimilação seria a partir da nova lógica do trabalho ali construída e defendida. Pretendemos mostrar como a falta de infra-estrutura e o desinteresse do governo em estender melhoramentos urbanos às classes trabalhadoras acabaram criando a necessidade de se desenvolver métodos e discursos capazes de absorver a população pobre, coagindo-a a partir de uma alocução moral que apelava à convivência pública e a uma nova ética do trabalho difundida entre jornais e discursos oficiais, uma experiência nova para o estado de Minas Gerais na virada do século XIX para o XX.Downloads
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