O Rosário e suas contas: redes associativas e cidadania de membros da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário do Pelourinho (Salvador, 1880-1930)

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DOI:

https://doi.org/10.28998/rchv12n23.2021.0010

Resumen

A prática de filiação a irmandades negras e demais associações de apoio mútuo foi recorrente no século XIX entre africanos e afro-brasileiros. Muitas vezes ela acontecia como forma de acumular não só benefícios, mas também prestígio na sociedade. Na cidade de Salvador não foi diferente e alguns pesquisadores têm sublinhado essas redes associativas. Neste artigo, investigamos o perfil de alguns irmãos e irmãs da irmandade do Rosário às Portas do Carmo e analisamos os diferentes sentidos das proximidades estabelecidas entre membros da confraria com as sociedades mutualistas emergentes na capital baiana a partir da segunda metade do século XIX, bem como com outros espaços devocionais de matriz afro-religiosa. Com efeito, entendemos que as trajetórias de sujeitos associados à irmandade afro-baiana incluíam também o envolvimento com ativismos políticos e sociais do pós-abolição.

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Biografía del autor/a

Mariana de Mesquita Santos, Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília (PPGHIS-UnB)

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília (PPGHIS-UnB). Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Mestra, bacharela e licenciada em História pela Universidade de Brasília (UnB).

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Publicado

2021-07-31

Cómo citar

Santos, M. de M. (2021). O Rosário e suas contas: redes associativas e cidadania de membros da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário do Pelourinho (Salvador, 1880-1930). Revista Crítica Histórica, 12(23), 222–265. https://doi.org/10.28998/rchv12n23.2021.0010

Número

Sección

Dossiê Escravidão e Pós-Abolição no Brasil