COZINHA CIDADÃ: HORTAS COMO TECNOLOGIA SOCIAL EM TEMPOS DE COVID 19

Autores

  • Yolanda Flores e Silva Universidade do Vale do Itajaí
  • Angelica Garcia Couto Universidade do Vale do Itajaí
  • Sabrina André Rosa Centro Universitário SOCIESC de Blumenau

Palavras-chave:

Extensão, Cultura Alimentar , trabalho e tecnologia , Horticultura , Tecnologia Sociaeducacional

Resumo

Este artigo resulta de um projeto de extensão associado a uma pesquisa sobre a organização de hortas em um município turístico do litoral de Santa Catarina com cerca de 22 mil habitantes. Contudo, com a COVID-19, o município, passou a não ter turistas e como consequência ocorreu desemprego e aumento das vulnerabilidades sociais e econômicas. Considerando esse contexto, nasceu a proposta de extensão “Cozinha Cidadã” cujo objetivo era “desenvolver com famílias em situação de vulnerabilidade, estudos coletivos para implantação de hortas e oficinas culinárias e terapêuticas”.Para organização desta empreitada o projeto “Cozinha Cidadã” realizou ações na modalidade virtual (70%) e presencial assistida (30%), seguindo as premissas da metodologia comunicativa-crítica. Com dados de pesquisa coletados por uma mestranda, bolsistas e voluntários (as) do bairro mais vulnerável, se fez um diagnóstico dos problemas locais agravados pela pandemia. Com estas informações realizaram-se oficinas, rodas de conversas e seminários virtuais sobre cultivos de hortas orgânicas como fonte de alimentos, remédios e negócios. De forma presencial seguindo os protocolos de segurança estipulados pelo Ministério da Saúde, foi possível iniciar de forma gradativa o cultivo de hortas em bairros com histórico de vulnerabilidade econômica. Os resultados indicam aprendizagem sobre os alimentos que se pode obter pelo cultivo social em terrenos privados ou públicos, a organização de cozinhas solidárias para o ensino do uso e preparo de vegetais e frutos em pratos nutritivos e saudáveis, bem como propostas de empreendimentos de restauração com foco nas práticas culinárias e terapêuticas aprendidas.

Palavras-Chaves: Cultura Alimentar. Famílias. Horticultura. Tecnologia Sociaeducacional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Yolanda Flores e Silva, Universidade do Vale do Itajaí

Doutora em Enfermagem [Filosofia da Enfermagem - UFSC/Brasil 1999] com Estágio Pós-Doutoral Sênior em Turismo [Turismo Comunitário e Desenvolvimento Local - UALg 2013]. Mestre em Ciências Sociais [Antropologia Social-UFSC/Brasil 1991] e Licenciada em Enfermagem [UFSC/Brasil 1986]. Professora e investigadora na Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) atuando nas graduações em Turismo e Gastronomia, bem como no Núcleo Integrado de Disciplinas da Saúde Coletiva em todos os cursos da área da saúde. Também ministra aulas e orienta no Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho e Mestrado/Doutorado em Turismo (como colaboradora). Coordena pesquisas com foco cultural nas redes e organizações comunitárias do Brasil e Portugal com temáticas voltadas para as populações e seus modos de vida, tradições, patrimônios materiais e imateriais, itinerários terapêuticos, agricultura orgânica e/ou biológica, agroturismo, turismo comunitário, gastronomia étnica - cultural, segurança alimentar, sustentabilidade na escala humana, vida saudável, bem-estar e qualidade de vida, entre outras temáticas correlatas. Como docente por mais de 20 anos nos Programas de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria (PDMTH) e de Saúde e Gestão do Trabalho, foi coordenadora e/ou pesquisadora em investigações financiadas pelo CNPq, CAPES e FAPESC (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Santa Catarina), com focos no desenvolvimento local sustentável, a autonomia e a inclusão das pessoas que moram em territórios de baixa densidade demográfica no litoral (espaço periurbano) e serra. No sul do Brasil as áreas de investigação se concentram na região das Encostas da Serra Geral Catarinense (Santa Rosa de Lima e Anitápolis) e litoral Norte (Bombinhas e Balneário Camboriú). No Exterior (Europa) as áreas de interesse se voltam para Portugal (Algarve e Alentejo), França (Rennes / Limoges - Accueil Paysan) e Itália (Piemonte / Emilia Romagna - Slow Food); na África ministrou capacitações em Moçambique sobre a história dos povos africanos de língua portuguesa, gênero, violências, modos de vida e desenvolvimento dos territórios com foco na teoria de Max-Neef - desenvolvimento sustentável na escala humana. Desde 2018 iniciou novas parcerias em Portugal (Algarve) relacionadas as ações da Cooperativa QRER com investigação e ações de extensão inclusiva voltadas para os ODS 1, 2, 3, 4, 8, 12 e 17 da Agenda 2030 da ONU.

Angelica Garcia Couto, Universidade do Vale do Itajaí

Graduada em Farmácia com Habilitação em Indústria Farmacêutica pela Universidade Estadual de Maringá (1998), Mestre e Doutora em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2000 - 2005). Docente nos cursos de Graduação do Núcleo Integrado de disciplinas da Escola de Ciências da Saúde e institucionais da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), nas disciplinas de Práticas Integrativas e complementares, Integralidade do Cuidado , Fitoterapia e Projeto Comunitário de Extensão Universitária. Supervisora do Estágio Profissionalizante no curso de Farmácia. Docente do Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do Trabalho e do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da Univali. Coordena o Programa de Extensão Plante Saúde - Univali e o Projeto de Implantação da Farmácia Viva em Itajaí, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Itajaí. Tutora do Programa de Educação para o Trabalho em saúde (PET-Saúde) Interprofissionalidade. Atualmente orienta pesquisa com temáticas relacionadas às Práticas Integrativas e complementares, nas linhas e grupos de pesquisa da Univali.

Sabrina André Rosa, Centro Universitário SOCIESC de Blumenau

Possui graduação em Nutrição pela Universidade do Vale do Itajaí (2003). Possui Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Recursos Humanos, pelo Instituto de Ensino Superior de Joinville (2005) e Pós-Graduação em Qualidade de Alimentos, pela CBES (2012). Tem experiência na área de Nutrição, com ênfase em UAN. Concluiu em 2022 o Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho na Universidade do Vale do Itajaí.

Referências

ARAÚJO FILHO, T. & THIOLLENT, M. J. M. Metodologia para Projetos de Extensão: Apresentação e Discussão. São Paulo: Cubo Multimídia, 2008.

AZAMBUJA, R. S. de. Medicina integrativa e a biopolítica da pandemia. In: Anais do 2o. Seminário Internacional de Economia Política da Saúde. 2020. Disponível em: https://www.jmphc.com.br/jmphc/article/view/1050 .

BARROSO, B. Uso de dados no setor social: aprendizados na pandemia e caminhos para a interoperabilidade. GIFE, 2020. Disponível em: https://sinapse.gife.org.br/download/uso-de-dados-no-setor-social-aprendizados-na-pandemia-e-caminhos-para-a-interoperabilidade .

BRASIL. Resolução 466 do CNS. Dispõe de pesquisas em seres humanos e atualiza a resolução 196. Conselho Nacional de Saúde, 2012. Disponível em: https://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf

BRASIL. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. 1990. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm

CRUZ, H. S. B. Patrimônio cultural e turismo: uma experiência etnográfica de saberes e fazeres alimentares de Bombinhas/SC. 183f. 2014. Dissertação (Mestrado em Turismo e Hotelaria). Universidade do Vale do Itajaí: Balneário Camboriú, 2014. Disponível em: http://siaibib01.univali.br/pdf/Hellany%20Sant%20Anna%20Brum%20Cruz.pdf

CUPANI, A. Filosofia da tecnologia: um convite. UFSC: Florianópolis, 2016.

DULIUS, G. T.; SUDBRACK, A. W. & SILVEIRA, L. M. de O. B. Aumento da violência intrafamiliar e os fatores associados durante a pandemia de COVID-19: revisão integrativa de literatura. Revista Saúde em Redes, 7(supl. 1), 1 – 10, 2021. Disponível em: http://revista.redeunida.org.br/ojs/index.php/rede-unida/article/view/3381/613.

FAO. Criar Cidades Mais Verdes. Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Roma/Brasília: FAO. 2012. Disponível em: https://www.fao.org/3/i1610p/i1610p00.pdf .

FREIRE, P. Extensão ou Comunicação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2006 a.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2006 b.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

GÓMEZ, J.; LA TORRE, A.; SANCHEZ, M. & FLECHA, R. Metodologia Comunicativa Crítica. Barcelona: Ed. El Roure, 2006.

IBGE. Estimativa populacional 2019 IBGE. 2019. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sc/bombinhas/panorama.

LIN, B.B.; PHILPOTT, S.M. & JHA, S. The Future of Urban Agriculture and Biodiversity-Ecosystem Services: Challenges and Next Steps. Basic and Applied Ecology, v.16, p.189-201, 2015. Disponível em: https://www.scirp.org/%28S%28vtj3fa45qm1ean45vvffcz55%29%29/reference/referencespapers.aspx?referenceid=1524960

LODY, R. G. da M. Brasil bom de boca: temas da antropologia da alimentação. São Paulo: Senac, 2008.

MELLO, R. R. Metodologia de investigação comunicativa: contribuições para a pesquisa educacional na construção de uma escola com e para todas e todos. In: ANPED. 29 a. Reunião Annual da ANPED. 2006. Disponível em http://www.anped.org.br/reunioes/29ra/trabalhos/trabalho/GT03-2096--Res.pdf.

MONTANARI, M. Comida como cultura. São Paulo: Senac, 2008.

OLIVEIRA, D. S.; FIRMO, A. C.; BEZERRA, I. C. & LEITE, J. H. C. COVID - 19: do enfrentamento ao fortalecimento de estratégias em saúde mental - Revisão narrativa. Health Residencies Journal - HRJ, v.1, n. 4, p. 41-61, 2020. Disponível em: https://escsresidencias.emnuvens.com.br/hrj/article/view/34.

OLIVEIRA, G. B. DE; CALVO, P. A.N & CASTRO, P. G. de. (2018). Horticultura Urbana. Boletim de Inovação e Sustentabilidade, v.1, n. 1, 2018. Disponível em: https://www.pucsp.br/sites/default/files/download/bisus2018-vol1-horticultura-urbana.pdf .

ONU/BRASIL. Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. 2015. Disponível em: https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/ .

PEREIRA, D. C. et al. Oficina de culinária como estratégia de intervenção da Terapia Ocupacional com adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Cad. Ter. Ocup., v. 22, n. 3, p. 621-626, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.4322/cto.2014.084

PRIMO, A. Afetividade e relacionamentos em tempos de isolamento social: intensificação do uso de mídias sociais para interação durante a pandemia de COVID-19. Comunicação & Inovação, v.21, n. 47, p. 176-198, 2020. Disponível em: https://www.seer.uscs.edu.br/index.php/revista_comunicacao_inovacao/article/view/7283/3187

ROSA, S. A. Plantas alimentícias não convencionais e convencionais: tecnologias e produtos tecnológicos em uma comunidade do litoral catarinense. 155f. Dissertação (Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho). Universidade do Vale do Itajaí / Escola de Ciências da Saúde. Itajaí: UNIVALI, 2022. (Impresso).

SILVA, Y. F. e. Cozinha Cidadã: hortas dos afetos terapêuticos, aromáticos e culinários. Coordenação de Projetos e Programas de Extensão – Edital N. 033 / FUNDAÇÃO/2019. Balneário Camboriú: UNIVALI, 2019. Informações disponível em: https://www.univali.br/institucional/vreac/extensao/projeto-de-extensao/escola-de-artes-comunicacao-e-hospitalidade/Paginas/default.aspx .

SILVA, Y. F. e et al. Diário de memórias: Museu Comunitário Engenho do Sertão. Florianópolis: Infinitta Leitura, 2017.

SILVA, C. R. & FREITAS, H. I. Adolescentes em situação de vulnerabilidade: estratégias de terapia ocupacional em um trabalho de prevenção à Aids. Cad. Ter. Ocup, v.11, n. 2, p. 111-117, 2003. Disponível em: https://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/197/152 .

SOARES, A. N. & REINALDO, A. M. S. Oficinas terapêuticas para hábito de vida saudável: um relato de experiência. Revista de Enfermagem, v.14, n.2, p. 391-398, 2010. https://doi.org/10.1590/S1414-81452010000200025

SOUSA DE OLIVEIRA, D. & CAETANO, G. L. N. Residência multiprofissional em saúde mental do adulto: modos de reinventar as práticas no contexto da pandemia causada pela Covid-19. Health Residencies Journal - HRJ, v.2, n. 11, p. 42-61, 2021. Disponível em: https://escsresidencias.emnuvens.com.br/hrj/article/view/135 .

SOUZA, T. dos S. de. et al. Mídias sociais e educação em saúde: o combate às Fakes News na pandemia pela COVID-19. Enferm. Foco, v.11, n. 1, p.124-130, 2020. Disponível em: file:///C:/Users/yolanda%20flores/Downloads/3579-21259-1-PB.pdf .

SOUZA, D. C. M. de. Hortas Urbanas no concelho do Porto: Tipologias e Padrões Territoriais. 2015, 87f. Dissertação (Mestrado em Sistemas de Informação Geográfica e Ordenamento do Território). Faculdade de Letras da Universidade do Porto. 2015. Disponível em: https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/82018/2/37745.pdf

TAYLOR, S. The Psychology of Pandemics: preparing for the next global outbreak of infectious disease. Newcastle upon Tyne: Cambridge Scholars Publishing, 2019. Disponível em: https://www.cambridgescholars.com/resources/pdfs/978-1-5275-3959-4-sample.pdf .

ZORZETTO, R. Uma doença assustadora. Pesquisa FAPESP, v.291, n. 3, p. 21-24, 2020. Disponível em: www.revistapesquisa/fapesp.br .

Publicado

11-10-2023

Como Citar

Flores e Silva, Y., Garcia Couto, A. ., & André Rosa, S. (2023). COZINHA CIDADÃ: HORTAS COMO TECNOLOGIA SOCIAL EM TEMPOS DE COVID 19. REVISTA ELETRÔNICA EXTENSÃO EM DEBATE, 12(15). Recuperado de https://seer.ufal.br/index.php/extensaoemdebate/article/view/15689

Artigos Semelhantes

<< < 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.