O “DESENCAPSULAMENTO” DA UNIVERSIDADE A PARTIR DE EVENTOS EXTENSIONISTAS.

Autores

  • Natercia Neta Secretaria Municipal de Educação/Maceió/AL.
  • Isnaldo Isac Barbosa UFAL- Universidade Federal de Alagoas.
  • Rose Mary Ferreira Pereira Gomes UFAL- Universidade Federal de Alagoas.

Palavras-chave:

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Curricularização da Extensão, Sinpete

Resumo

Em 2015, os “Objetivos de Desenvolvimento do Milênio” (ODM) deram lugar aos “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável” (ODS) quando em Assembleia das Nações Unidas, 193 Estados signatários da ONU adotaram o compromisso fazer do mundo um lugar mais justo para viver.

Desta Assembleia surge a Agenda denominada 2030 que visa acabar com a pobreza, cuidar do meio ambiente e fortalecer a paz universal. Dentre os 17 objetivos, encontra-se o de número 4, que busca “Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”. Enquanto membros da Universidade, entendemos que a Educação de qualidade só acontece quando a Educação Superior consegue conversar com a Educação Básica, e quando as comunidades escolares e acadêmicas se unem em prol desta relação dialógica.

Foi seguindo esse raciocínio que nasceu o Simpósio de Pesquisa e Tecnologia na Educação Básica (Sinpete),evento que trouxe para o debate o papel da universidade enquanto instituição promotora do conhecimento científico e que teve como escopo os ODS da Agenda 2030 da ONU. O Sinpete se configura, então, como uma proposta que nasce em uma universidade pública federal e se concretiza com  escolas públicas de três municípios alagoanos que imergem durante três dias num espaço da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Durante o Simpósio, as escolas participantes foram convidadas a apresentarem as pesquisas e práticas realizadas em seus municípios e pudemos perceber várias produções dos seus docentes  para solucionarem problemas como a falta de água, como o aquecimento das salas que não são climatizadas no sertão, do uso racional do solo. Cabe ressaltar que essas soluções foram pensadas de forma dissociada das discussões que se estabelecem dentro das Universidades, ou seja, a comunidade escolar se mostrou autônoma nesta busca para resolver problemas sociais. Isso nos fez refletir, passados 8 anos da assinatura da Agenda 2030, o quão distantes estamos de um ensino colaborativo que consiga dialogar e aprender com as Escolas, e não apenas utilizá-las como laboratórios sem dar um retorno dos resultados das pesquisas. Alguns questionamentos surgem e urgem ao nos depararmos com a fonte e a sede: O que é produzido nas Universidades está chegando às Escolas? Está impactando na formação continuada? A formação inicial docente está próxima da realidade de quem está no chão da sala de aula? Será que enquanto Universidade estamos apenas vendendo a solução para o caos que ajudamos a causar?

Com a Curricularização da Extensão, as Universidades se veem obrigadas a abrirem suas portas à comunidade, a se desencapsularem para fazer o que pede a ODS 4: a interação dialógica e a indissociabilidade do tripé acadêmico. Para que isso tenha impacto positivo na formação do futuro professor e na transformação social, a implementação da Extensão é uma forma instrumental fundamental neste processo.

As universidades precisam parar de se colocarem no papel de detentora única do conhecimento científico e dar importância ao conhecimento popular. Em outras palavras, precisamos ouvir mais e falar menos porque de nada adianta as teorias que tentam nortear para uma Educação de qualidade quando apenas focam em aspectos técnicos, sem terem sentido para quem está na sala de aula.

Eventos que favoreçam essa integração Escola-Universidade precisam estar nos calendários de toda Instituição de Ensino Superior e a relação normalmente construída dentro dos muros acadêmicos precisa conversar com o cotidiano escolar. Essa distância entre teoria e prática preocupa quem está tanto na formação inicial quanto na formação continuada. E cabe à Universidade, como bem pontua Ludke e Boing (2012), resolver esse entrave com ações que aproximem o futuro professor da educação básica ao contexto escolar e o professor que já está atuando nas Escolas, principalmente, nas públicas, das descobertas realizadas dentro do contexto socioeconômico e tecnológico dos atores escolares.

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Referências

- BRASIL. Resolução CNE/CES 7/2018. Diário Oficial da União, Brasília, 19 de dezembro de 2018, Seção 1, p. 49 e 50.

- LÜDKE, M.; BOING, L. A. Do trabalho à formação de professores. Cadernos de Pesquisa, n. 42, v. 146, p. 428-451, 2012.

- ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Transformando nosso mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. 2015. [acessado 2022 nov 03]. Disponível em: https://brasil.un.org/

Publicado

2022-12-29

Como Citar

Neta, N., Barbosa, I. I., & Gomes, R. M. F. P. (2022). O “DESENCAPSULAMENTO” DA UNIVERSIDADE A PARTIR DE EVENTOS EXTENSIONISTAS . REVISTA ELETRÔNICA EXTENSÃO EM DEBATE, 11(10). Recuperado de https://seer.ufal.br/index.php/extensaoemdebate/article/view/14595

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