Amizades e inimizades na formação dos estudos afro-brasileiros
DOI:
https://doi.org/10.28998/lte.2017.n.2.4031Palavras-chave:
Estudos afro-brasileiros, Campo acadêmico, História das Ciências Sociais, Pensamento Social Brasileiro.Resumo
A partir das décadas de 1930 e 1940 começam a se delinear no Brasil os chamados estudos afro-brasileiros no campo acadêmico, o que é impulsionado por fatores como: ampliação do mercado editorial; a formação dos primeiros cursos de ciências sociais, a vinda de pesquisadores estrangeiros, bem como a ida de pesquisadores brasileiros para outros países, especialmente os Estados Unidos. Considerando tais elementos, buscarei analisar como os estudos afro-brasileiros passam a se formar a partir das diversas redes acadêmicas e de amizade entre intelectuais brasileiros e americanos, destacando do lado brasileiro as figuras de Gilberto Freyre, Arthur Ramos e Edison Carneiro, e entre os americanos Rüdiger Bilden, Donald Pierson, Ruth Landes e Melville Herskovits, mapenando estas redes e como estes círculos sociais vão se ampliando e se cruzando.
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