Questões contemporâneas em Angola
a língua umbundu como resistência anticolonial no Reino do Bailundo
Palabras clave:
Língua nacional. Reino do Bailundo. AnticolonialismoResumen
No Planalto Central de Angola, a língua umbundu ocupa um espaço político e cultural significativo no debate, que visa estabelecer os contornos da identidade nacional. Este artigo discute duas nuances em torno dessa língua e de seus falantes. Em primeiro plano, retoma um tema caro aos protocolos do fazer etnográfico: a importância de dominar a língua do “outro” e os mecanismos que equilibram as relações de poder na situação da pesquisa de campo. Em segundo lugar, o texto propõe uma reflexão sobre as formas de resistência e afirmação cultural. A língua umbundu emerge como parte de um conjunto de práticas e narrativas que tentam afirmar uma história e uma cultura diferente daquela legada pela colonização portuguesa. Os dados apresentados resultam de uma pesquisa para tese de doutorado realizada nos anos de 2018 e 2019 no Município/Reino do Bailundo, província de Huambo, Angola. As conclusões indicam que nessa região predomina uma condição bilíngue entre a língua portuguesa, como língua oficial que abre a interação do povo do Bailundo com o mundo, e a língua umbundu, como estratégia deliberada para produzir um fechamento ao externo e ao indesejável. Portanto, é sobre essa estratégia e suas ambivalências que este artigo se trata.
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