Conhecer os Jovens Rurais para Contextualizar o Ensino de Sociologia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.28998/lte.2019.n.2.10632

Palavras-chave:

Juventudes, Ruralidades, Ensino de Sociologia, Educação Contextualizada,

Resumo

Neste artigo, a partir de uma discussão sobre ruralidades e juventudes, refletimos sobre como levar os conhecimentos sociológicos de forma significativa e contextualizada aos jovens oriundos da zona rural. Partimos de duas pesquisas qualitativas distintas realizadas em municípios do Ceará. No primeiro caso, os jovens estão imersos no meio rural e no segundo, os jovens transitam diariamente entre o rural e o urbano, o que confere um sentido diferenciado à experiência do ensino médio. A partir das duas experiências, constatou-se que os jovens do meio rural possuem formas particulares de viver a condição juvenil e enquanto alunos carecem de atividades, saberes e tempos que em outro contexto não sentiriam necessidade. Suas experiências sociais e individuais alicerçam campos de significação que interferem diretamente na recepção de novos conhecimentos. Desse modo, os conteúdos sociológicos trabalhados em sala de aula podem inutilizar-se pela ausência de aproximação com o universo que os cerca.

Abstract

In this article, from a discussion on ruralities and youths, we reflect on the need to knowing rural youth to bring them sociological knowledge in a meaningful and contextualized way. We started from two different qualitative research carried out in municipalities in Ceará. In the first case, the young people are immersed in rural areas. In the second one, the young people move daily between rural and urban, which gives a different meaning to the high school experience. From the two experiences, it was found that young people from rural areas have particular ways of living the youth condition and while students lack activities, knowledge and times, which they would not feel the need in another context. Their social and individual experiences support fields of meaning that directly interfere with the reception of new knowledge. In this way, the sociological contents worked on in the classroom can be rendered useless by the absence of significant approximation with the universe that surrounds them.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Isaurora Cláudia Martins de Freitas, Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA)

Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), professora do curso de Ciências Sociais da  Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), do Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional (PROFSOCIO), do Mestrado Prof. em Planejamento e Políticas Públicas da Universidade Estadual do Ceará (UECE), do Mestrado Prof. em Psicologia e Políticas Públicas da UFC - Sobral e líder do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Culturas Juvenis (GEPECJU).

Maria Lúcia Inês Fernandes Cruz, Prefeitura de Municipal de Itapajé (CE)

Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), mestra pelo Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional (PROFSOCIO) e professora de Sociologia na rede de educação básica do Ceará.

Maria do Socorro Alexandre da Silva, Secretaria de Educação do Ceará (SEDUC)

Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), mestra pelo Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional (PROFSOCIO) e professora de Sociologia na rede de educação básica do Ceará.

Referências

ABRAMO, Helena Wendel. Condição juvenil no Brasil contemporâneo. In: ABRAMO, Helena Wendel; BRANCO, Pedro Paulo Martoni. Retratos da juventude brasileira: análises de uma pesquisa nacional. São Paulo: Instituto Cidadania; Fundação Perseu Abramo, 2005. p. 37-73.

BAUER, Martin W.; GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. 2. ed.. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

BERGER, Peter Ludwig. Perspectivas sociológicas: uma visão humanística. Tradução de Donaldson M. Garschagen. Petrópolis: Vozes, 2001.

BOURDIEU, Pierre. Questões de Sociologia. Tradução de Jeni Vaitsman. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983. p. 112–121.

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/> . Acesso em: 6 abr. 2020.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Ciências humanas e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação, 2006. (Orientações curriculares para o ensino médio - OCEM; volume 3).

BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Conselho Nacional de Educação (CNE). Diretrizes curriculares nacionais para o ensino médio. Brasília, DF: MEC/CNE, 1998.

BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEC/SEMTEC, 1999.

BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Conselho Nacional de Educação (CNE). Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). Brasília: MEC/CNE, 1996.

BODART, Cristiano das Neves; FEIJÓ, Fernanda. As Ciências Sociais no Currículo do Ensino Médio Brasileiro. Revista Espaço do Currículo. João Pessoa, v.13, n.2, p. 219-234, maio/ago. 2020. Disponível em: <https://periodicos.ufpb.br/index.php/rec/article/view/51194/30973>. Acesso em: 13 set 2020.

CAMARANO, Ana Amélia; ABRAMOVAY, Ricardo. Êxodo rural, envelhecimento e masculinização no Brasil: panorama dos últimos 50 anos. Rio de Janeiro: Ipea, 1999.

CASTRO, Elisa Guaraná de; et al.. Os jovens estão indo embora?: juventude rural e a construção de um ator político. Rio de Janeiro: Mauad X; Seropédica, RJ: EDUR, 2009. Disponível em: <http://repiica.iica.int/docs/B3893p/B3893p.pdf>. Acesso em: 08 dez 2019.

CRESSWELL, Tim. Seis temas na produção das mobilidades. In: CARMO, Renato Miguel do; SIMÕES, José Alberto. A produção das mobilidades: redes, espacialidades e trajectos. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, 2009. p. 25-40.

CRUZ, Maria Lúcia Inês Fernandes. Experiências dos jovens rurais como aportes para pensar o ensino de Sociologia na Educação Básica. Dissertação (Mestrado Profissional de Sociologia), Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, Sobral, 2020.

DAMASCENO, Maria Nobre. Técnicas Grupais e Projetivas no Estudo da Juventude. In: DAMASCENO, Maria Nobre; SALES, Celecina de Maria Veras. (coord.). O Caminho se Faz ao Caminhar – Elementos teóricos e práticas na pesquisa qualitativa. Fortaleza, Editora UFC, 2005. (Coleção Diálogos Intempestivos). p. 124-142.

DAYRELL, Juarez. A escola faz as juventudes? Educação & Sociedade, Campinas, vol. 28, n. 100 – Especial, p. 1105-1128, out. 2007.

DEWEY, John. Democracia e educação: introdução à filosofia da educação. 3. ed.. Tradução de Godofredo Rangel e Anísio Teixeira. São Paulo: Nacional, 1959.

DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. 33. ed.. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed.. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

FREITAS, Isaurora Cláudia Martins de; LIMA FILHO, Irapuan Peixoto. Pensar as Culturas Juvenis para Ensinar Sociologia. In: CARUSO, Haydée; SANTOS, Mário Bispo dos. Rumos da Sociologia na Educação Básica: Reformas, resistências e experiências de ensino. Porto Alegre: CirKula, 2019. p. 85-97.

FREITAS, Isaurora Cláudia Martins de. Universitários do Meio Rural: trajetórias e projetos de vida. In: FREITAS, Isaurora Cláudia Martins de, PEREIRA; Ivna de Holanda; LINHARES, Maria Isabel Silva Bezerra. Os Jovens do Interior. Sobral: Edições UVA, 2015. p. 187-202.

HAGUETTE, Tereza Maria Frota. Metodologias qualitativas na Sociologia. 12. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

LECCARDI, Carmen. Para um novo significado do futuro: mudança social, jovens e tempo. Tempo Social, São Paulo, v.17, n. 2, p. 35-57. https://doi.org/10.1590/S0103-20702005000200003.

LOPES, Alice Casimiro. Os parâmetros curriculares nacionais para o ensino médio e a submissão ao mundo produtivo: o caso do conceito de contextualização. Educação & Sociedade, Campinas, v. 23, n. 80, p. 386-400, 2002.

MARGULIS, Mario. Introducción. In: MARGULIS, Mario (org.). La Juventud es más que una Palabra. 3. ed.. Buenos Aires: Biblos, 2008.

MARTINS, Carlos Henrique dos Santos; CARRANO, Paulo Cesar Rodrigues. A escola diante das culturas juvenis: reconhecer para dialogar. Educação, Santa Maria, v. 36, n. 1, p. 43-56, jan./abr. 2011.

MARTINS, Josemar da Silva. Tecendo a rede: notícias críticas do trabalho de descolonização curricular no semiárido brasileiro e outras excedências. Tese (Doutorado) – Universidade Federal da Bahia – Faculdade de Educação, 2006.

MARTINS, José de Souza. Os camponeses e a política no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1981.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã (Feuerbach). São Paulo: Hucitec, 2002.

MELUCCI, Alberto (org.). Por uma Sociologia Reflexiva: pesquisa qualitativa e cultura. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.

MILLS, Charles Wright. A imaginação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

MORIN, Edgard. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Tradução Eloá Jacobina. 17. ed.. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.

OLIVEIRA, Amurabi; ERAS, Lígia Wilhelms. Por um ensino de Sociologia descolonizado. Revista de Estudos AntiUtilitaristas e PosColoniais, Recife, v. 1, n. 11, p. 123-133, jan./jun. 2011.

OLIVEIRA, Luiz Fernando de; COSTA, Ricardo César Rocha da. Sociologia para jovens do século XXI. 4. ed.. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.

PAIS, José Machado. Buscas de si: expressividades e identidades juvenis. In: ALMEIDA, Maria Isabel Mendes de; EUGENIO, Fernanda (org.). Culturas Jovens: novos mapas do afeto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.

PAIS, José Machado. Vida Cotidiana: enigmas e revelações. São Paulo: Cortez, 2003.

RODRIGUES, João Freire. O rural e o urbano no Brasil: uma proposta de metodologia de classificação dos municípios. Análise Social, Lisboa, v. XLIX, n. 211, p. 430-456, 2. Semestre, 2014.

RUSSCZYK, Jaqueline; SCHNEIDER, Sérgio. O ensino de sociologia no contexto das escolas rurais e na interface com a educação do Campo. Educere et Educare, Cascavel, v. 8, n. 15, p. 133-145, jan./jun. 2013.

SILVA, Maria do Socorro Alexandre da. A inserção de jovens rurais em uma escola urbana: pensando as (des)continuidades e reflexos da mobilidade na vida dos jovens e no seu processo de aprendizagem. Dissertação (Mestrado Profissional de Sociologia), Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), Sobral, 2020.

SILVA, Afrânio et al.. Sociologia em Movimento. 2. ed.. São Paulo: Moderna, 2016.

SILVA, Vanda Aparecida. As Flores do Pequi: Sexualidade e vida familiar entre jovens rurais. Campinas, SP: UNICAMP/CMU Publicações; Arte Escrita, 2007.

STEIN, David. Situated learning in adult education. ERIC Digests, Columbus, OH, n. 195, p. 1-7, 1998. Disponível em: <http://www.ericdigests.org/1998-3/adult-education.html>. Acesso em: 07 maio de 2020.

VEIGA, José Eli da. Cidades Imaginárias: O Brasil é menos urbano do que se calcula. Campinas, SP: Editora Autores Associados, 2002.

VELHO, Gilberto. Projeto e metamorfose: antropologia das sociedades complexas. 3. ed.. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.

WANDERLEY, Maria de Nazareth Baudel. O mundo rural brasileiro: acesso a bens e serviços. Revista Estudos, Sociedade e Agricultura, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 60-85, 2009.

WANDERLEY, Maria de Nazareth Baudel. A ruralidade no Brasil moderno. Por um pacto social pelo desenvolvimento rural. In: GIARRACCA, Norma. (org.). ¿Una nueva ruralidad en América Latina? Buenos Aires: CLACSO: Asdi, 2001. p. 31-44. (Colección Grupos de Trabajo de CLACSO)

WANDERLEY, Maria de Nazareth Baudel. A emergência de uma nova ruralidade nas sociedades modernas avançadas – o “rural” como espaço singular e ator coletivo. Revista Estudos, Sociedade e Agricultura, Rio de Janeiro, n. 15, p. 87-145, out. 2000.

WEBER, Max. Ensaios de sociologia. 5. ed.. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

Downloads

Publicado

2020-09-29

Como Citar

FREITAS, Isaurora Cláudia Martins de; CRUZ, Maria Lúcia Inês Fernandes; SILVA, Maria do Socorro Alexandre da. Conhecer os Jovens Rurais para Contextualizar o Ensino de Sociologia. Latitude, Maceió-AL, Brasil, v. 13, n. 2, p. 71–96, 2020. DOI: 10.28998/lte.2019.n.2.10632. Disponível em: https://seer.ufal.br/index.php/latitude/article/view/10632. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.