Entre a resistência ao avanço do patamar de vergonha e o mal-estar: algumas considerações sobre a cena musical do pagode baiano

Autores

  • Ledson Chagas Universidade Federal da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.28998/lte.2017.n.1.3248

Palavras-chave:

cultura popular, relações raciais, gênero

Resumo

Este artigo tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre a existência de níveis de vergonha expressos na cena musical do pagode baiano, que se opõem a um patamar de vergonha mais consolidado como “civilizado”, mas que encerram em si, também, casos de produção de mal-estar. A partir da análise de informações de um agente da produção desta cena, sobre a relação entre diferentes condutas de segmentos de bandas e seus respectivos horizontes de mercado, e da apresentação de dados etnográficos produzidos em trabalho de campo com observação participante em espaços de consumo, busca-se apresentar como a estratificação social em meio às classes populares permeia suas práticas expressivas de patamar de vergonha, que também são fontes de prazer, de produção comercial com diferentes potências de difusão e de mal-estar. O artigo tem como objetivo secundário apresentar um quadro no qual o pagode baiano compõe um fenômeno mais amplo a que se sugere denominar como cenas musicais juvenis, erótico-dançantes e periféricas contemporâneas.

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Biografia do Autor

Ledson Chagas, Universidade Federal da Bahia

Mestre pelo Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (UFBA - 2013 -2015). Graduado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo (DRT-BA: 4172) pela Universidade Federal da Bahia (UFBA - 2006-2011).

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Publicado

2018-05-14

Como Citar

CHAGAS, Ledson. Entre a resistência ao avanço do patamar de vergonha e o mal-estar: algumas considerações sobre a cena musical do pagode baiano. Latitude, Maceió-AL, Brasil, v. 11, n. 1, 2018. DOI: 10.28998/lte.2017.n.1.3248. Disponível em: https://seer.ufal.br/index.php/latitude/article/view/3248. Acesso em: 1 set. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Sociologia e Erotismo

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